Esporte
Simone Biles em ação no Campeonato Americano de Ginástica de 2021
A 30 dias do início do evento, ge lista eventos e atletas para você acompanhar em Tóquio
Confira as atrações imperdíveis das Olimpíadas de Tóquio
Faltam apenas 30 dias para as Olimpíadas de Tóquio, e o ge preparou uma lista de destaques para você já se familiarizar com algumas das principais atrações desta edição dos Jogos. Dos esportes estreantes à volta do judô a um templo sagrado para a modalidade, passando pelo poderio feminino e pela superação da Covid-19, confira agora algumas das histórias para acompanhar no Japão.
IMPERATRIZ BILES
Nas Olimpíadas com maior igualdade de gênero na história, com 48,8% de participação feminina, a grande estrela será uma mulher. Depois de brilhar na Rio 2016 com cinco medalhas, quatro de ouro e uma de bronze, a americana tem tudo para repetir a dose.
Biles segue como favorita em todos os aparelhos, a exceção das barras assimétricas, dominadas pela belga Nina Derwael. Caso confirme o título no individual-geral, será a primeira bicampeã na prova desde 1968.
Em maio Biles apresentou um novo salto, um Yurchenko com duplo mortal carpado, que recebeu nota de dificuldade provisória de 6,6 pontos, a maior do código de pontuação da ginástica artística. Biles está tão acima da concorrência que decidiu bordar em seu collant uma cabra. O nome do animal em inglês é “goat”, termo cujas iniciais e são usadas para representar “o melhor de todos os tempos” (Greatest of all time).
A equipe feminina do Brasil está fora das Olimpíadas pela primeira vez desde 2004, mas Flávia Saraiva e Rebeca Andrade têm chances de surpreender. Flavinha ficou a sete décimos do pódio do individual geral no Mundial de Stuttgart, em 2019. Rebeca, recuperada de uma grave lesão no ligamento cruzado do joelho direito, teve ótimas notas no Pan de ginástica, onde conquistou a vaga olímpica. No solo, ela apresentará a série ao som do funk Baile de Favela.
Ginástica Artística: de 24 de julho a 3 de agosto
OS 100M DE SHELLY-ANN
Nas primeiras Olimpíadas após a aposentadoria do lendário Usain Bolt, os 100m masculino estão em aberto. O atual campeão mundial, o americano Christian Coleman, está fora dos Jogos por não feito três exames antidoping no período de um ano, o que configurou infração e gerou uma suspensão.
No feminino, no entanto, Shelly-Ann Fraser-Pryce é favoritíssima a recuperar a coroa de mulher mais rápida do mundo. Tetracampeã mundial e bicampeã olímpica dos 100m, a jamaicana foi bronze na Rio 2016. No ano seguinte foi mãe, e quando voltou às pistas mostrou uma forma surpreendente.
Agora com 34 anos, Shelly-Ann cravou 10s63 em evento pré-olímpico na Jamaica. A marca é a mais veloz em 32 anos e só perde para as que foram anotadas pela americana Florence Griffith-Joyner, falecida aos 38 anos em meio a suspeitas de doping.
Nas provas de pista do atletismo, o Brasil tem chances de surpreender com Alison dos Santos, o Pio. Com apenas 20 anos, o corredor dos 400m com barreiras vem quebrando sucessivamente o recorde pessoal e, em 14 de junho, tinha a terceira melhor marca do mundo no ano, 47s57.
Também vale ficar de olho nos marchadores Erica Sena, quarta colocada nos últimos três Mundiais, e Caio Bonfim, bronze no Mundial de 2017, e no arremessador de peso Darlan Romani, quarto no Mundial de 2019.
O campeão olímpico do salto com vara, Thiago Braz, não figura entre os favoritos da prova. O sueco Armand Duplantis tornou-se recordista mundial indoore outdoor e lidera com folgas o ranking mundial da temporada, com 6,10m. O americano Christopher Nilsen, em segundo na lista, saltou “apenas” 5,91m.
Atletismo: de 30 de julho a 8 de agosto
ESPORTES ESTREANTES
As Olimpíadas de Tóquio marcarão as estreias de caratê, escalada, skate e surfe no programa de competições. A inclusão dos quatro faz parte de uma tentativa do Comitê Olímpico Internacional (COI) para atrair o público jovem para os Jogos.
Para o caratê esta será uma chance única, uma vez que o esporte não estará nos Jogos de Paris 2014. Apesar de ter sido uma potência quando a luta não era olímpica, o Brasil não classificou atletas para Tóquio. Também não teremos representantes na escalada.
No surfe e no skate, porém, o Brasil é referência. Gabriel Medina lidera o ranking da WSL, e Tatiana Weston-Webb já venceu uma etapa na temporada. No skate o país tem melhores chances no park masculino e no street feminino.
Caratê: de 5 a 7 de agosto
Escalada: de 3 a 6 de agosto
Skate: street 25 e 26 de julho e park 4 e 5 de agosto
Surfe: janela de 25 de julho a 1º de agosto, com quatro dias de competição
PÓDIO TRIPLO?
O bom desempenho brasileiro no street feminino nos permite vislumbrar o cenário dos sonhos, um pódio triplo. O país tem quatro das três primeiras colocadas do ranking mundial da modalidade. Pâmela Rosa lidera, seguida por Rayssa Leal, com Letícia Bufoni em quarto lugar.
Das três Rayssa foi a única a subir ao pódio no último Mundial. A mais jovem da história da delegação brasileira, com apenas 13 anos, conquistou um bronze.
Vale lembrar que a única vez em que o Brasil esteve em mais de um lugar no pódio foi justamente quando conquistou as primeiras medalhas do país no feminino, nos Jogos de Atlanta 1996. Na ocasião Sandra Pires/Jackie Silva e Mônica/Adriana Behar se enfrentaram numa final de compatriotas no vôlei de praia e conquistaram ouro e prata, respectivamente.
Skate Street feminino: eliminatórias e final em 26 de julho
CHANCES INÉDITAS E REAIS
O Brasil tem chances reais de conquistar medalhas pela primeira vez em alguns esportes. Além do surfe e do skate, já citados acima e estreantes no programa olímpico, o país pode boas probabilidades de subir ao pódio no levantamento de peso, no ciclismo, na esgrima e no tênis de mesa.
No levantamento de peso, Fernando Reis chega motivado após herdar o bronze do Mundial de 2018 pelo doping do uzbeque Rustam Djangabaev e a conquista o tetracampeonato pan-americano. O caminho o halterofilista brasileiro, ao menos na teoria, estará mais fácil devido à ausência de alguns adversários relevantes.
Armênia e Belarus foram punidos pela Federação Internacional (IWF) pelo alto número de casos de dopings e só poderão levar um atleta homem e uma mulher a Tóquio. Assim, Gor Minasyan atual vice-campeão mundial, e Eduard Ziaziulin, quarto colocado no Mundial de 2019, foram preteridos por outros compatriotas e não vão às Olimpíadas, o que aumenta as chances do brasileiro.
No ciclismo, Henrique Avancini chegou à liderança do ranking mundial de mountain bike em outubro de 2020 após o título da etapa da Copa do Mundo em Nové Mesto, na República Tcheca. A posição não foi mantida porque Henrique abriu mão de disputar várias competições em 2021, uma vez que a piora da pandemia de Covid-19 gerou uma série de restrições a brasileiros, necessidade de quarentena etc. Hoje (14/06) ele é o sexto da lista.
Na esgrima, Nathalie Moellhausen foi campeã mundial na espada em 2019, um título inédito para o Brasil. Após passar 2020 sem competir, ela terminou o Mundial de 2021 em nono lugar. Hoje (14/06) ela está em quarto lugar no ranking mundial da modalidade.
Hugo Calderano também é candidato a fazer história no tênis de mesa. Atual bicampeão dos Jogos Pan-Americanos, ele está em sexto lugar no ranking mundial. À frente dele há quatro chineses, e apenas dois podem participar da disputa individual no masculino.
Levantamento de peso: de 24 a 28 de julho e de 31 de julho a 4 de agosto
Ciclismo mountain bike: 26 e 27 de julho
Esgrima: de 24 de julho a 1º de julho
Tênis de mesa: de 24 a 30 de julho e de 1º a 6 de agosto
SETE VEZES ELES
Chamar de veteranos talvez nem seja suficiente para mensurar o tamanho da experiência olímpica de três membros da delegação brasileira em Tóquio: Robert Scheidt, Formiga e Jaqueline Mourão estarão nos Jogos pela sétima vez na carreira.
Dono de cinco medalhas em seis participações olímpicas, Scheidt competirá aos 48 anos na classe Laser – na qual foi ouro em Atlanta 1996 e Atenas 2004 e prata em Sydney 2000. Em abril o paulista foi vice-campeão no torneio de Vilamoura, em Portugal. Um resultado que levanta o moral após outros não tão bons em 2020. A impossibilidade de treinar em Tóquio com antecedência por causa da pandemia, no entanto, deixa a disputa da vela bem aberta.
A convocação da técnica Pia Sundhage no dia 18 confirmou a sétima participação de Formiga, de 43 anos, no futebol feminino. A volante tem duas medalhas olímpicas de prata e é recordista absoluta entre homens e mulheres do futebol em participações nos Jogos.
No caso de Jaqueline, convocada para Tóquio no ciclismo mountain bike, as participações se alternam entre Olimpíadas de Verão e Inverno. Ela competiu no MTB em Atenas 2004 e Pequim 2008, no esqui cross-country em Turim 2006 e no biatlo e no esqui cross-country em Vancouver 2010, Sochi 2014 e Pyeongchang 2018.
Vela: de 25 de julho a 4 de agosto
Futebol feminino: de 21 de julho a 6 de agosto
Ciclismo mountain bike: 26 e 27 de julho
PAPA-MEDALHAS DA NATAÇÃO
Apesar de Simone Biles ser considerada a estrela das Olimpíadas de Tóquio, o nadador Caeleb Dressel é favorito a seis ouros nos Jogos e pode deixar o evento como o maior medalhista entre todos os esportes. Ele soma 13 títulos mundiais na carreira, em provas individuais e revezamentos nos estilos livre, borboleta e no medley.
No masculino, outra aposta certeira é o britânico Adam Peaty. Ele quebrou cinco vezes o recorde mundial da prova, na qual ainda tem os 20 melhores tempos da história.
Entre as mulheres, o maior nome é Katie Ledecky. A americana conquistou cinco ouros na Rio 2016 e tem 15 títulos mundiais no currículo. Ela se destaca nas provas mais longas, sendo recordista mundial dos 400m, 800m e 1500m livre.
Natação: 24 de julho a 1º de agosto
ORGULHOS LOCAIS
Talvez o nome mais popular do esporte japonês na atualidade, Naomi Osaka ainda é presença incerta nas Olimpíadas. A atualização do ranking da WTA no dia 14 de junho confirmou a elegibilidade da tenista, mas a saúde mental dela pode fazê-la desistir da competição.
Osaka está afastada do circuito tratando-se de depressão. Ela anunciou que não daria entrevistas coletivas em Roland Garros e, após atritos com a organização, abandonou o Grand Slam do saibro. Em entrevistas passadas, Osaka disse que ser campeã olímpica no Japão seria tornar um sonho realidade, mas também demonstrou preocupação com a realização do evento em meio à pandemia.
Mesmo sem a popularidade de Osaka a nível mundial, Risako Kawai é reverenciada no Japão como o grande nome do wrestling feminino da atualidade. Após uma prata no Mundial de 2015, ela foi campeã olímpica na Rio 2016 e tricampeã mundial desde então. É favorita ao bi na categoria até 62kg, a mesma em que competirá a brasileira Laís Nunes.
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A nadadora Rikako Ikee não tem resultados expressivos como as compatriotas citadas acima, mas é uma queridinha do público e chega a Tóquio com uma das maiores histórias de superação dos Jogos. Maior medalhista nos Jogos da Ásia de 2018, ela despontava como garota-propaganda das Olimpíadas quando descobriu uma leucemia.
O tratamento correu bem, e no segundo semestre de 2020 Ikee voltou às piscinas. Em abril deste ano conquistou a vaga olímpica e poderá selar o retorno ao esporte em grande estilo.
Tênis: de 24 de julho a 1º de agosto
Luta olímpica: de 1º a 7 de agosto
Natação: de 24 de julho a 1º de agosto
CURADOS NO VÔLEI
Falando em superação, o vôlei brasileiro terá em Tóquio dois personagens que enfrentaram uma batalha pela vida na reta final da preparação olímpica. Bruno Schmidt, parceiro de Evandro no vôlei de praia, e o técnico Renan Dal Zotto, da seleção masculina de quadra, ficaram em estado grave após contraírem o novo coronavírus. Os dois estão curados.
Bruno passou 13 dias internado, cinco deles na UTI. Atual campeão olímpico, ele forma ao lado de Evandro uma das duplas candidatas ao pódio na praia. A condição física dele terá um peso importante no desempenho da dupla.
Renan não entra em quadra, mas sem dúvidas vai inspirar os jogadores que comandar. Foram 36 dias no hospital, período no qual passou por duas intubações e perdeu 26 quilos. A seleção masculina, atual vice-campeã mundial, é favorita a uma medalha.
Outra grande chance de pódio passa pelas mãos de Ágatha e Duda. A medalhista olímpica e a estreante nos Jogos, duas vezes eleita a melhor jogadora do mundo, estão em quarto no ranking mundial, mas são a dupla mais regular da temporada 2021. As duas conquistaram um ouro, uma prata e dois bronzes em seis etapas disputadas.
Vôlei de quadra: de 24 de julho a 8 de agosto
Vôlei de praia: de 24 de julho a 7 de agosto
VOLTA DO JUDÔ AO BUDOKAN
O judô entrou no programa das Olimpíadas como esporte de demonstração nos primeiros Jogos de Tóquio, em 1964. Para aquela ocasião foi construído o Budokan, arena cujo nome pode ser traduzido como “Salão de Artes Marciais”. Em 2021, a arena novamente será a casa dos judocas e receberá ainda as competições do caratê.
Japão e França seguem como as principais potências. No Mundial de Budapeste, última competição antes das Olimpíadas, os dois países preferiram poupar seus astros. Os japoneses foram com equipe completamente reserva e, mesmo assim, lideraram o quadro com 12 medalhas, seis delas de ouro.
A França também poupou a maior parte dos titulares, incluindo o bicampeão olímpico e octamundial Teddy Riner. O peso-pesado mal competiu desde a pandemia e não será cabeça de chave, o que pode embolar a disputa da categoria – que terá o brasileiro Rafael Silva, o Baby, como um dos cabeças de chave.
Falando em Brasil, no feminino as principais chances do país também são nas categorias mais pesadas. No meio pesado feminino Mayra Aguiar será cabeça de chave. Recuperada de uma grave lesão, espera-se que a gaúcha esteja em melhor forma física do que no Mundial, quando se despediu nas oitavas. No peso-pesado Maria Suelen Altheman chega embalada pelo bronze em Budapeste após vitória histórica sobre a líder do ranking mundial, a cubana Idalys Ortiz.
Judô: de 24 a 31 de julho
Por GloboEsporte.com – Rio de Janeiro