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Soldados da Ucrânia preparam morteiro para conter avanço da Rússia em Donetsk

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Conflito completa seis meses com Ucrânia à espera de ‘algo feio’ da Rússia em guerra sem horizontes

Data coincide com o 31º aniversário da independência ucraniana da União Soviética; Zelenski alerta para escalada de ataques russos

RESUMINDO A NOTÍCIA

  • Vladimir Putin e Xi Jinping, da China, assinaram um documento de aliança ‘sem limites’
  • Exército russo se concentra no leste do país, mais especificamente no Donbass
  • Cerca de 9.000 soldados ucranianos foram mortos desde o início da invasão russa
  • Segundo a ONU, o conflito na Ucrânia já deixou 6,6 milhões de refugiados pelo mundo
Soldados da Ucrânia preparam morteiro para conter avanço da Rússia em Donetsk

Soldados da Ucrânia preparam morteiro para conter avanço da Rússia em Donetsk

STRINGER/REUTERS – 18.08.2022

Com grandes consequências militares e econômicas para muitos países e sem perspectivas de cessar-fogo, a guerra na Ucrânia completa seis meses nesta quarta-feira (24), dia em que também é celebrado o 31º aniversário da independência do país em relação à União Soviética.

O presidente ucraniano Volodmir Zelenski afirmou nesta semana que, enquanto o conflito avança, a Rússia poderia tentar “algo particularmente feio” no período próximo à data, alertando sobre o risco de ataques mais severos.

Putin posa para foto durante cerimônia em Moscou

Putin posa para foto durante cerimônia em Moscou

MAXIM SHEMETOV/REUTERS – 15.08.2022

Para o cientista político e pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) Pedro da Costa Júnior, a Ucrânia atua como um “peão menor” em uma guerra que envolve potências mundiais. “A Ucrânia tem o suporte dos Estados Unidos e de seus aliados, enquanto a Rússia tem o suporte da China. Essa é uma guerra sistêmica e global, por isso não tem previsão para acabar.”

“O presidente russo Vladimir Putin criou uma estratégia que é a de mover a guerra sem horizontes. Os objetivos dele são nebulosos, o que dá a oportunidade de mudá-los à medida que o conflito avança”, conclui.

Em 4 de fevereiro, Putin e o presidente chinês Xi Jinping assinaram um documento em que classificaram a parceria entre Rússia e China de “sem limites” e se mostraram favoráveis ao fim da hegemonia americana. Depois de 20 dias do pacto, o Exército russo invadiu a Ucrânia.

A professora de relações internacionais da UFSE (Universidade Federal de Sergipe) Bárbara Motta acredita que “essa aliança demonstra a outros países que a Rússia e o presidente Putin não estão tão isolados na política internacional como pensam e gostariam”.

“Entretanto, com a guerra na Ucrânia, a Otan ganhou um fôlego renovado que pode se traduzir em um reforço da hegemonia americana, relegitimada pelos membros do grupo.”

“Mudanças irreversíveis”

Depois das tentativas frustradas de conquistar Kiev, capital ucraniana, o Exército russo se concentra no leste do país, mais especificamente na região separatista do Donbass (formada por Donetsk e Lugansk), onde os russos já controlam muitas cidades.

A especialista Bárbara Motta acredita que a guerra deve cada vez mais se restringir ao leste e ao sul ucraniano e se estenderá pelos próximos meses. “Do ponto de vista das questões estratégicas e políticas da Rússia, é interessante que o conflito seja prolongado e desgastante porque com isso existe a possibilidade de perda do interesse público e dos governos do Ocidente.”

SIMON MALFATTO, SOPHIE RAMIS, MARIA-CECILIA REZENDE, KENAN AUGEARD/AFP

Em meio ao jogo de poder das potências mundiais, a Ucrânia admitiu na última segunda-feira (22) que cerca de 9.000 de seus soldados foram mortos desde o início da invasão russa. Além disso, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o conflito deixou 6,6 milhões de refugiados.

Para além da “guerra sem horizontes”, Costa Júnior ressalta que o conflito é “vital” para que a Rússia não perca sua zona de influência no Leste Europeu.

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“A Otan resiste ao máximo, mas não pode entrar diretamente no conflito, já que isso poderia desencadear a Terceira Guerra Mundial. Enquanto isso, para os Estados Unidos, a guerra se torna conveniente à medida que desgastam a Rússia sem deixar o governo da Ucrânia retroceder.”

Costa Júnior destaca também que a invasão russa trouxe consequências definitivas: “Uma vez que a Rússia conquistou territórios ucranianos, não abrirá mão deles, ou seja, a mudança que ocorreu no mapa da Ucrânia é irreversível”.

Refugiados ucranianos chegam a um centro de registro de deslocados em meio à invasão russa
Rússia bombardeia Kharkiv, antes de reunião entre Chefe da Onu, Zelenski e Erdogan

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Chernobyl Ucrânia
A cidade de Mariupol também ganhou destaque durante a guerra. Antes da invasão russa, cerca de 500 mil pessoas viviam na cidade, que ficou 90% destruída, segundo o prefeito. As autoridades locais registram mais de 20 mil mortos em consequência dos ataques, além da falta de água, comida e energia elétrica
Os bombardeios russos em Mariupol também atingiram uma maternidade no local, deixando três mortos, entre eles uma menina, e 17 feridos. Uma mulher em trabalho de parto no momento do ataque precisou ser retirada do local às pressas
Em abril, um massacre em Bucha, a noroeste de Kiev, provocou comoção mundial. As fotos de cadáveres amarrados com as mãos para trás, o que caracterizaria execuções por parte dos militares russos, se espalharam pelas redes sociais. Grande parte dos corpos que estavam pelas ruas da cidade não foi identificada e muitos ainda foram enterrados em valas coletivas. As autoridades ucranianas contabilizaram pelo menos 410 civis assassinados  
guerra ucrânia Bucha
No dia 9 de abril, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, viajou à Ucrânia e fez uma visita surpresa para o presidente Volodmir Zelenski. O motivo do encontro teria sido a discussão de um pacote de ajuda financeira e militar do governo britânico aos ucranianos. Johnson foi o primeiro líder do G7 a visitar o território ucraniano durante o conflito
No Dia das Mães, em 8 de maio, Jill Biden visitou a Ucrânia, onde se encontrou com a primeira-dama da antiga república soviética, Olena Zelenska. No país, ambas visitaram escolas e Jill Biden entregou um buquê de flores a Zelenska, depois de um longo abraço entre as duas
O complexo industrial de Azovstal é outro local que recebeu grande relevância, pois foi o último local de resistência na região de Mariupol. Depois de meses de combates intensos, a Rússia conseguiu tomar a siderúrgica e os cerca de 2.000 combatentes se renderam
Em maio, houve uma rendição na qual mais de 250 combatentes deixaram Azovstal e viraram prisioneiros de guerra
Durante os últimos seis meses, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski discursou diversas vezes sobre o conflito, conversou com líderes mundiais, pediu apoio à Ucrânia e fez apelos por ajuda militar. Um dos últimos alertas foi em relação ao risco de ataques russos em atos do Dia da Independência do país, que também ocorre nesta quinta-feira (24)
Refugiados ucranianos chegam a um centro de registro de deslocados em meio à invasão russa
  • A invasão da Ucrânia pela Rússia completa seis meses nesta quarta-feira (24). O conflito segue sem perspectivas de um cessar-fogo, sendo o mais grave na Europa desde a 2ª Guerra Mundial, e já deixou quase 9.000 soldados ucranianos mortos e milhões de refugiados. Relembre alguns dos acontecimentos mais marcantes do conflito desde 24 de fevereiro

    *Estagiária do 
    R7, sob supervisão de Pablo Marques
  • INTERNACIONAL | Letícia Sepúlveda, do R7
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