Esporte
Terreno do Gasômetro. Na parte superior direita, o campo do São Cristóvão
Entenda o impasse financeiro entre Flamengo e Caixa e os planos do clube para construção do estádio
Fla quer arena para 75 mil pessoas e topa pagar até R$ 250 milhões por terreno; banco quer mais
A construção do estádio próprio é um sonho do Flamengo, que acredita ter encontrado o local perfeito, mas vive uma divergência financeira com a Caixa Econômica Federal, dona do terreno do Gasômetro. O clube deu um passo importante apresentando o projeto e, apesar do impasse sobre valores, está confiante na concretização do negócio.
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O Flamengo apresentou à Caixa o projeto para construção de uma arena para 75 mil torcedores. Em um primeiro momento, o clube trabalhou com a possibilidade de receber 100 mil pessoas, mas recalculou a capacidade após nova avaliação da área disponível e do custo da operação.
É importante destacar que apresentar o projeto difere de apresentar proposta para a compra do terreno. Isso porque, como o presidente da Caixa indicou, ainda há um impasse financeiro. O clube aguarda uma resolução para oficializar a oferta. Enquanto isso, a Caixa acredita que haverá uma definição até o fim de 2024.
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Terreno do Gasômetro. Na parte superior direita, o campo do São Cristóvão — Foto: André Durão
O Flamengo e a Caixa não falam a mesma língua em relação ao preço do terreno que foi comprado pela Prefeitura em 2012 por R$ 220 milhões e revendido ao Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha, administrado pela Caixa Econômica Federal, que se tornou proprietária do local.
O ge apurou que o Flamengo está disposto a investir até R$ 250 milhões na compra do terreno que irá construir o estádio. O preferido é esse do Gasômetro, mas o clube trabalha com outras duas possibilidades no radar. Pelo plano A rubro-negro, a Caixa deseja uma venda por um preço maior, principalmente pela valorização do fundo, e fala-se nos bastidores em algo perto dos R$ 400 milhões.
O Flamengo, por sua vez, tem como exemplo a recente compra de um terreno na região por parte da Prefeitura do Rio de Janeiro para a construção do Terminal Gentileza, considerado o maior integrador de transporte público da capital carioca (embora as condições tenham sido facilitadas e o preço tenha sido menor em função de ser uma benfeitoria para a cidade).
Terminal Gentileza na região do Gasômetro — Foto: Marcelo Piu/Prefeitura do Rio
De acordo com informação publicada no site oficial da prefeitura, a área de 77 mil metros quadrados foi adquirida por R$ 40,8 milhões (há um imbróglio na Justiça no qual o banco ainda cobra um aumento no valor). O terreno pretendido pelo Rubro-Negro tem 116 mil metros quadrados.
Além da questão financeira, o Flamengo precisará entrar em acordo com a prefeitura para construir a sua casa na região. O ge apurou que há uma corrente no governo que acredita ser inviável um estádio naquela área, tanto do ponto de vista técnico, pois o terreno não seria o ideal por ser arenoso, como do ponto de vista urbanístico, pelo risco de travar o trânsito da Avenida Brasil nos dias de jogos.
Modelo de negócio
Flamengo não pretende abandonar o Maracanã mesmo com casa própria — Foto: Wagner Meier/Getty Images
A ideia principal defendida pelo Flamengo é capitanear dinheiro direto do clube através de aportes financeiros para conseguir viabilizar a construção do estádio. Há busca por sócios estratégicos, além da venda do naming rights. No momento, o clube descarta a possibilidade de qualquer parceria que faça uma divisão dos futuros lucros do estádio.
Outro ponto discutido internamente é que a construção do estádio não anula o interesse do Flamengo na licitação do Maracanã. O clube, junto com o Fluminense, está na disputa pela autorização para administrar o estádio por 20 anos. Isso porque há o entendimento de que, além de seguir mandando alguns jogos no Maracanã, o Consórcio Fla-Flu poderá alugar para jogos e shows.
Estádio vira pauta em definição do plano de governo
O mandato de Rodolfo Landim chega ao fim em dezembro de 2024. Sem poder se reeleger, o presidente decidirá o candidato da situação na eleição. Internamente, o dirigente garante a apoiadores que ainda não escolheu quem irá indicar.
Rodolfo Landim ainda não escolheu seu possível sucessor no Flamengo — Foto: André Durão / ge
Enquanto isso, Landim montou uma comissão para definir os planos futuros. Ele nomeou Diogo Lemos, membro do Conselho de Futebol, para ser o coordenador do plano de governo. O presidente tem se reunido constantemente com grupos de sua base de apoio para alinhar estratégias. Um dos objetivos é elaborar um documento com propostas para o próximo mandato.
O documento será assinado pelo candidato escolhido, que terá o compromisso de dar continuidade ao trabalho da gestão que comanda o clube desde 2019. E a construção do estádio é uma das propostas que estão em pauta para a definição do plano de governo para o próximo triênio. Em entrevista ao canal “Gustavo Henrique Dando Choque” no YouTube na última segunda-feira, Landim abordou o tema:
– Certamente essa alegria não vai ser dada por mim, porque não vai ser nesse mandato que a gente vai conseguir construir isso. Isso é um projeto de longo prazo, mas é um projeto para tocar em várias mãos. Pode ser que a gente consiga ter acesso ao terreno ainda esse ano. É isso que estamos trabalhando para poder conseguir. Estamos querendo exaustivamente avaliar essa possibilidade do terreno que entendemos como mais atrativo. Se não houver essa possibilidade, tem que partir para outro. Mas certamente a gente vai seguir adiante. Obviamente temos outras alternativas que já vêm sendo analisadas há muito tempo, mas primeiro queremos verificar e exaurir a possibilidade de podermos executar nosso projetor ali, onde entendemos que seria o melhor para poder fazer.
Por Letícia Marques e Thiago Lima — Rio de Janeiro
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