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‘Vidas na rua’: desemprego, inflação alta e imigração.

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Os dados oficiais mais recentes são de 2022 e mostram um crescimento de 78% da população em situação de rua em 4 anos. Um aumento expressivo que não retrata o agravamento recente da situação.

‘Vidas na rua’: desemprego, inflação alta e imigração explicam aumento do número de pessoas vivendo nas ruas de Portugal

O endereço é o Largo da Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, no centro da capital portuguesa. Aos poucos, lá foi se formando um condomínio improvisado. Hoje, são 13 barracas de lona. Na número um, vive há quase três anos o Júlio dos Anjos. Ele perdeu o emprego e não conseguiu mais pagar o aluguel.

“Eu trabalhava para uma associação de apoio a idosos sem fins lucrativos. E eu explorava o café. Na pandemia, aquilo fechou e fiquei sem emprego, em 2021”, conta.

desemprego, a inflação alta – principalmente a escalada nos preços das moradias – e a imigração explicam o aumento do número de pessoas vivendo nas ruas de Portugal. A equipe encontrou uma brasileira nessa situação. Ela não quer se identificar. Tem 38 anos e é de Natal, no Rio Grande do Norte. Enfrenta o desemprego e a solidão de não ter mais ninguém por perto.

“Sem trabalho e eu não tinha condições de alugar um local para eu ficar e tive que vir para rua. Eu nunca tinha passado por isso. Eu só tinha visto isso no Brasil. E hoje eu sei o que aquelas pessoas lá tão passando”, conta.

Os dados oficiais mais recentes são de 2022. Mostram um crescimento de 78% da população em situação de rua em quatro anos. Um aumento expressivo que não retrata o agravamento recente da situação. As instituições de apoio têm constatado que há cada vez mais pessoas vivendo nessas condições precárias em Portugal.

VIDAS NA RUA

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O Tiago Gomes conseguiu sair da situação de rua.

“Sou eletricista, trabalho em hotelaria como polivalente. Tenho 43 anos”, diz.

As lembranças difíceis ainda estão muito presentes.

“Sentia muita vontade de querer morrer, desistir mesmo da vida. Quando está na rua, parece que não olhas perifericamente e só para ti, sempre de cabeça baixa. Uma solidão extrema”, lembra.

Hoje, ele tem um apartamento, que é também um porto seguro. A vida nova foi possível com a ajuda de uma ONG portuguesa, que segue a premissa de que a primeira coisa que uma pessoa em situação de rua precisa para se reerguer é de uma casa.

“A princípio foi assustador a mudança de entrar em uma casa toda, porque estava tão habituado a dormir no chão que, nos primeiros dias, eu dormia no chão da casa em vez de dormir na cama. Foi um hábito. Dormir em uma casa assim foi difícil”, diz Tiago Gomes.

“A habitação é vista como um direito humano básico e, para uma pessoa que está em situação crónica de sem abrigo, de fato, isso quer dizer que a primeira necessidade que deve ser respondida é a pessoa ter um sítio seu, uma habitação. E isto não é só ter um teto por cima da cabeça, é poder ter privacidade, segurança, é ter um espaço seu que identifica como tendo posse, poder personalizar o espaço como quer, criar as suas próprias regras, os seus horários”, explica Diana Gaspar, da Associação Crescer.

Desde 2013, o projeto ajudou 150 pessoas. Tiago diz que agora voltou a ter esperança.

“Perdi tudo, deixei tudo lá atrás e, agora, estou com o que está tudo novo. Tem sido uma reconstrução, um trabalho, e sozinho não conseguia. Não desistam da vida. A vida é muito bonita”, afirma Tiago Gomes.

Por Jornal Nacional

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