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A seleção não exige uma formação específica: basta ter qualquer curso superior reconhecido pelo MEC

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O que faz um diplomata? Entenda cargo que tem salário inicial de R$ 20,9 mil e aceita qualquer graduação: ‘É um concurso muito difícil’

Um novo processo para a admissão de 50 diplomatas foi anunciado pelo Itamaraty. Tire dúvidas sobre o concurso e a profissão.

Representar o Brasil em reuniões internacionais, negociar acordos com outras nações e prestar assistência aos brasileiros no exterior. Essas são algumas das funções exercidas pelos diplomatas, servidores públicos que integram o Ministério das Relações Exteriores.

A depender do tempo de trabalho, nível hierárquico que se encontram e postos em que atuam, esses profissionais recebem um salário igual ou maior que R$ 20,9 mil. Este é o valor da remuneração para o concurso com 50 vagas que foi anunciado no último dia 14.

A seleção não exige uma formação específica: basta ter qualquer curso superior reconhecido pelo Ministério da Educação.

Mas não se iluda. Chegar à diplomacia envolve anos de estudo e não garante trabalho no exterior (entenda mais abaixo).

O concurso é considerado por escolas preparatórias como um dos mais difíceis do Brasil, já que cobra disciplinas abrangentes e o domínio de pelo menos duas línguas estrangeiras.

“É um concurso muito difícil! Trabalhei durante toda a minha preparação e usava todo o meu tempo livre para estudar. Foram cinco anos e meio, do momento em que eu comecei a estudar até passar “, conta Bruno Matelli, que se tornou diplomata no início deste ano.

Mesmo com a aprovação, o selecionado não assume de imediato o cargo de embaixador. Ele começa como terceiro-secretário e terá de passar por outros níveis antes de chegar ao principal.

No início da carreira de diplomata, eles são matriculados em um curso de pouco mais de um ano, cedido pelo Instituto Rio Branco (IRBr), academia diplomática brasileira subordinada ao Itamaraty. Ele serve para preparar os novos diplomatas para o exercício de suas funções.

“É uma academia na qual temos uma formação complementar. Então, a gente tem aulas de idiomas, linguagem diplomática, análise de política externa, entre outros conteúdos”, explica Matelli, que é um terceiro-secretário.

Nesta reportagem, o g1 explica a carreira diplomática a partir das seguintes perguntas:

  1. Como funcionam os níveis hierárquicos dos diplomatas?
  2. Quais são as funções dos diplomatas?
  3. Por que o concurso para diplomata é um dos mais difíceis do país?
  4. Como organizar os estudos para se tornar um diplomata?
  5. O que se sabe até agora sobre o processo seletivo de 2024?

1. Como funcionam os níveis hierárquicos dos diplomatas?

Ao ser aprovado no Concurso de Admissão do Instituto Rio Branco (IRBR), o candidato entrará para a carreira diplomática como terceiro-secretário. Os cargos seguintes na carreira são:

  • segundo-secretário;
  • primeiro-secretário;
  • conselheiro;
  • ministro de Segunda Classe;
  • ministro de Primeira Classe (embaixador).

Os profissionais devem exercer as suas atividades nos setores aos quais foram designados até chegar o momento da promoção de cargo, que pode levar anos para acontecer.

É o caso do embaixador, a mais alta nomeação da diplomacia. Para receber o cargo, o candidato deve ter pelo menos 20 anos de serviço na carreira, sendo 10 prestados no exterior.

2. Quais são as funções dos diplomatas?

Conforme a descrição do Itamaraty, o diplomata deve ser capaz de colher as informações necessárias à formulação de política externa, participar de reuniões internacionais e, nelas, negociar em nome do Brasil.

O profissional ainda deve participar de missões no exterior, proteger os interesses nacionais e promover a cultura e os valores de nosso povo.

Os diplomatas são preparados também para tratar de temas que vão desde paz e segurança, normas de comércio, relações econômicas, direitos humanos, meio ambiente, tráfico ilícito de drogas, fluxos migratórios, passando, naturalmente, por tudo que diga respeito ao fortalecimento dos laços de amizade e cooperação do Brasil com seus múltiplos parceiros externos.

Não são todos os profissionais que atuam em embaixadas e consulados brasileiros no exterior. Boa parte deles atua nos postos nacionais, que são unidades responsáveis por prestar assistência consular, assessoria de imprensa, cerimônias, relações parlamentares, entre outros.

3. Por que o concurso para diplomata é um dos mais difíceis do país?

A admissão de novos diplomatas acontece todos os anos. As vagas são escassas, mas esse não é o motivo pelo qual o concurso é considerado um dos mais difíceis do país.

O que preocupa os candidatos é a complexidade das provas, que são compostas por questões objetivas e dissertativas de língua portuguesa, história do Brasil, história mundial, geografia, língua inglesa, política internacional, geografia, direito e língua espanhola ou língua francesa.

“Acredito que a dificuldade não esteja somente no nível que é cobrado de cada disciplina, mas também na variedade de matérias. Eu sou economista e tinha facilidade nesse assunto, mas nunca tinha estudado direito. Tive que começar do zero. Foi complicado”, conta Matelli.

4. Como organizar os estudos para se tornar um diplomata?

No ano passado, a jornalista pernambucana Jullie Dutra, que estudava para o concurso do Itamaraty, foi a primeira pessoa a ganhar o prêmio máximo de R$ 1 milhão no quadro “Quem quer ser um milionário”, no programa “Domingão com Huck”.

Ela disse que chegava a passar 18 horas por dia estudando e que navegar por tantas disciplinas exigidas no concurso a ajudou a ter bagagem para responder às questões do programa.

Ao contrário da jornalista, Bruno Matelli não tinha muito tempo para estudar, já que trabalhava formalmente para uma empresa do mercado financeiro.

Para direcionar melhor os estudos, ele se matriculou em cursinhos preparatórios, como o Sapientia, que é especializado na preparação de candidatos para a carreira diplomática, e, ainda, em aulas avulsas de matérias que tinha mais dificuldade.

“A variedade de matérias complica o estudar sozinho. Os cursinhos ajudam neste sentido e diria que são quase indispensáveis. É bom até para matérias conhecidas, que são aplicadas no contexto da carreira de diplomata.”

Além de adquirir conhecimentos, o terceiro-secretário também chegou a se inscrever em edições anteriores do concurso para se preparar mentalmente e entender a dinâmica das provas.

5. O que se sabe até agora sobre o processo seletivo para 2024?

A autorização para o novo concurso, com 50 vagas e salário inicial de R$ 20,9 mil, foi publicada na última sexta-feira (14) no Diário Oficial da União.

A primeira prova deverá ser aplicada em até dois meses após a divulgação do edital, que ainda não tem data definida.

No Brasil, o concurso é realizado todos os anos pelo Instituto Rio Branco (IRBr), academia diplomática brasileira subordinada ao Itamaraty. Em 2023, também foram abertas 50 oportunidades para a carreira.

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Por Rafaela Zem, g1

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