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Caso criou uma disputa política, judicial e religiosa, a interrupção da gravidez da menina de 10 anos

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Estupro de criança revela ‘lado animalesco do homem’, diz Marco Aurélio, do STF

Em meio a disputa política, judicial e religiosa, ministro do STF diz que caso de aborto é ‘evidentemente autorizado pela justiça’.

Para ministro do STF, aborto no caso da criança violentada pelo tio é 'evidentemente autorizado pela Justiça'
Para ministro do STF, aborto no caso da criança violentada pelo tio é ‘evidentemente autorizado pela Justiça’
Foto: Nelson Jr./SCO/STF / BBC News Brasil

A interrupção da gravidez da menina de 10 anos que foi estuprada por um tio desde os 6 está “evidentemente autorizada pela Justiça”, segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello.

“No caso, penso que a premissa do aborto é única: preservar a vida da criança”, disse o magistrado à BBC News Brasil nesta segunda-feira.

O aborto foi realizado na manhã da segunda-feira, em Pernambuco, em meio a intensa disputa médica, política, judicial e religiosa.

Depois de ter o aborto autorizado pela Vara de Infância e Juventude de São Mateus, no Espírito Santo, a menina chegou a dar entrada na ala de atendimento a vítimas de violência sexual de um hospital estadual de Vitória, mas voltou para casa porque os médicos se recusaram a realizar o procedimento.

Enquanto movimentos pró-vida e militantes bolsonaristas acionavam o Judiciário na tentativa de reverter a decisão judicial, a criança – que disse que não queria ter o bebê e foi apoiada por parentes – foi levada para o Recife.

A criança estava no centro cirúrgico quando um grupo de católicos começou a chamar os membros da equipe médica de assassinos em um protesto na entrada do hospital.

A manifestação aconteceu depois que a extremista Sara Winter divulgou, no domingo, o nome da menina e o endereço do hospital.

Em casos de estupro de vulnerável, o aborto já é previsto pelo Código Penal brasileiro desde 1940.

Perfil animalesco do homem

À BBC News Brasil, Marco Aurélio classificou como “impensável” o abuso sofrido pela criança.

“O quadro revela o perfil animalesco do homem”, disse o ministro do STF.

“A gravidez nunca vista de criança com 10 anos estarrece.”

Caso criou uma disputa política, judicial e religiosa
Caso criou uma disputa política, judicial e religiosaFoto: Carlos Moura/SCO/STF / BBC News Brasil

Ricardo Senra – Da BBC News Brasil em Londres / Fonte: Terra.com.br

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