Esporte
Gabriel fez dez finalizações cara a cara com o goleiro adversário
Gabriel, do Flamengo, é o jogador mais ineficiente em finalizações do Brasileirão
Sem contar pênaltis, Gabriel fez um gol em 37 finalizações com características que na média viram quatro ou cinco gols. Paulinho, do Atlético-MG, marcou cinco gols, mas chances indicavam até oito
Gabriel Barbosa é o jogador mais ineficiente do Brasileirão 2023 quando comparados seu desempenho em gols e o nível de ameaça das jogadas que finalizou sem contar cobranças de pênalti. O multicampeão atacante do Flamengo até aqui não está conseguindo ser protagonista nesta edição do nacional. Cobrou cinco pênaltis e fez quatro gols (em um acertou a trave). Fora esses lances, foram 37 finalizações (25 de dentro da área) e apenas um gol, contra o Fortaleza.
RVeja finalizações de Gabigol no Brasileirão 2023
Suas 37 finalizações tinham potencial estatístico de virar entre quatro e cinco gols, mas ele só fez um. Na frieza dos números, Gabriel fez 3,6 gols a menos do que a média dos jogadores que concluíram em gol nos últimos dez anos. Se nos lembrarmos de que Gabigol é um atleta muito acima da média, neste Brasileirão ele está abaixo, se tornando o atleta menos eficiente entre todos os que se tornaram ofensivamente mais relevantes.
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Para determinar o “nível de ameaça” das jogadas concluídas por Gabriel, comparamos as características de suas finalizações com as de 98.439 feitas em Brasileirões desde 2013, uma métrica conhecida como “expectativa de gol” ou simplesmente “xG”, excluindo os pênaltis.
O atacante Gabriel, do Flamengo — Foto: André Durão/ge
Um exemplo prático: Gabriel fez dez finalizações cara a cara com o goleiro adversário, lances em que a chance de fazer um gol é muito alta, mas das dez chances, apenas uma virou gol. É disso que se trata. Comparadas com mais de 98 mil outras finalizações, é possível calcular qual o potencial de cada finalização virar gol. E nesse quesito, Gabriel é o jogador mais ineficiente da competição.Eficiências e ineficiências de Gabriel em Brasileirões desde 2013 sem contar pênaltisA diferença entre o número de gols marcados e o que se esperava que fizesse pelas características das jogadas que concluiuEficiências e ineficiências001,11,1-1,5-1,51,81,85,15,16,26,2-1,8-1,81,71,70,20,2-3,6-3,6Eficiência em finalizações sem pênaltisIneficiência em finalizações sem pênaltis20132014201520162017201820192020202120222023-5-2,502,557,52013
● Eficiência em finalizações sem pênaltis: 0
Fonte: Bruno Imaizumi/Espião Estatístico (em 2017 atuou na Europa; 2013 a 2018, no Santos, desde 2019; no Flamengo)
Ineficiente e ainda artilheiro
Os pênaltis foram retirados porque são a forma mais fácil de aumentar o nível de ameaça, ainda que as copas e Olimpíadas evidenciem o valor inestimável de excelentes cobradores de pênalti, como Gabriel, que na Copa do Brasil tem quatro gols e só um de pênalti.
O atacante Paulinho, do Atlético-MG, é o segundo jogador que poderia estar brilhando ainda mais, mas apesar dos cinco gols marcados, concluiu jogadas de características que levavam a esperar dele sete ou oito gols. Assim, está ineficiente entre dois e três gols.
Veja o ranking dos mais ineficientes abaixo. Mais abaixo, a metodologia do levantamento.
*Nível de ameaça: gols esperados (xG) a partir da comparação com 98.439 finalizações em Brasileirões desde 2013; **Ineficiência: relação entre os gols feitos no Brasileirão e xG sem considerar os pênaltis ( — Foto: Infoesporte
Metodologia
Favoritismos apresenta o potencial que cada time carrega no Brasileirão 2023 comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e nos últimos seis jogos oficiais, independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira por serem cobranças feitas diretamente para o gol.
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 98.439 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.997 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.
O desempenho de um jogador é comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e consideramos o que se esperava da finalização se feita com o “pé bom” (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o “pé ruim” (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Gabriel Leonan, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Victor Gama.
Por Bruno Imaizumi e Valmir Storti — Rio de Janeiro
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