Esporte
Mulheres buscam mais espaço em cargos de lideranças no esporte
Contra dura realidade, mulheres lutam por espaço em cargos de liderança no esporte brasileiro
ge conversa com exemplos de gestão e representatividade feminina no Brasil, enquanto Forum Econômico Mundial prevê paridade de gênero apenas em 99 anos
Segundo dados do Comitê Olímpico Internacional (COI), apenas 17 dos 206 Comitês Olímpicos do mundo todo são presididos por mulheres. Estes são números que, tristemente, não apontam uma novidade, mas são apenas mais um exemplo da falta de representatividade histórica da figura feminina em cargos de liderança fora e dentro do Brasil. Por isso, em homenagem a elas, que são inspiração e símbolo da luta pela igualdade de gênero no poder, o Ge celebra as referências femininas do esporte brasileiro.
– Espero que outras mulheres me vejam como modelo. Muitas ótimas jogadoras da seleção, se dermos suporte, podem ser técnicas muito boas. Precisamos mudar a história pra assegurarmos mais treinadoras, ou será um desperdício. Mas, eu acredito mesmo é na mistura: é bom ter homens e mulheres para um melhor resultado – disse Pia Sundhage, técnica da seleção feminina de futebol.
Pia durante o jogo diante da Argentina — Foto: Sam Robles/CBF
Sueca, a atual técnica da seleção brasileira, que já tem no currículo dois ouros com os Estados Unidos, é um exemplo da tentativa do país em diminuir a disparidade. No Time Brasil, o número de treinadoras ainda é muito pequeno, mas tem de fato aumentando. Em 1996, apenas duas mulheres foram aos Jogos de Atlanta como treinadoras, 4,6% do total, enquanto em 2016 foram 13 treinadoras escaladas, correspondente a 11%.
Segundo dados do último Fórum Econômico Mundial, a progressão seguirá, mas ainda haverá muito a percorrer. A previsão é que essa paridade de gênero em cargos de gestão só aconteça em mais 99 anos. E é exatamente por isso que essas exceções precisam ser citadas, comemoradas.
Casos como o da Luciene Resende precisam ser contados. Ela é a única presidente mulher das 35 Confederações Olímpicas do país – é da ginástica artística. Único é também o caso da administradora Mariana Miné, a primeira mulher CEO a ocupar o principal cargo executivo da Confederação Brasileira de Rugby, esporte em que o Brasil já classificou a equipe feminina.
Natália Falavigna, bronze em Pequeim 2008 — Foto: Agência/Reuters
E o que falar do exemplo de sucesso da ex-atleta da seleção de taekwondo Natalia Falavigna, bronze em Pequim 2008? Há 3 anos no cargo de coordenadora da seleção, ela conquistou resultados históricos junto da equipe. Em 2019, recorde de medalhas no campeonato mundial, com 2 pratas e 3 bronzes. Sem contar que pela primeira vez o Brasil disputará uma Olimpíada com três chances reais de medalhas a partir do talento dos atletas Milena Titoneli, Icaro Miguel e Edival Pontes.
– Eu sinto que eu tenho respeito, mas acho que este respeito tem que ser conquistado diariamente. Com boas ações, bom trabalho, bom relacionamento, é possível mostrar que eu tenho capacidade e outras mulheres tem capacidade de estar a frente de cargos gerenciais – disse Natalia.
Por Karin Duarte e Guilherme Costa — Rio de Janeiro, RJ
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