Esporte
Pela primeira vez os times terão um limite de troca de treinadores
Athletico-PR e Flamengo lideram ranking de trocas de técnicos no Brasileirão dos pontos corridos
Nas 18 edições do Campeonato Brasileiro realizadas nesse formato, 19 dos 28 times que mais trocaram o comando técnico durante a competição acabaram rebaixados para a segunda divisão
O Campeonato Brasileiro 2021 vai ser histórico. Pela primeira vez os times terão um limite de troca de treinadores durante o andamento da competição – apenas uma, com dois técnicos efetivos diferentes. Além disso, os próprios técnicos só poderão dirigir duas equipes ao longo do torneio. Com isso, a habitual festa de rodízios nos comandos dos clubes irá diminuir, trazendo efeitos diretos para os trabalhos desempenhados.
Se a regra existisse desde o início do Brasileirão dos pontos corridos, os times teriam feito apenas 56% das mudanças de comando técnico. De 2003 para cá, os clubes da Série A realizaram 499 trocas de treinadores. Deste número, teríamos uma redução de 220 na quantidade de mudanças ou 44% a menos. Ou seja, a rotatividade dos técnicos seria muito menor na elite do futebol brasileiro.
Diante dessa medida adotada pela CBF e aprovada com uma votação apertada de 11 a 9 pelos clubes da Série A, o Espião Estatístico preparou um levantamento com os times que mais trocaram de treinador em cada edição do Brasileirão de pontos corridos, desde a primeira, em 2003, até a última, em 2020. Veja abaixo o ranking:
Times recordistas de trocas de treinadores em cada edição do Brasileirão de pontos corridos
Ano | Clubes | Número de trocas |
2020 | Botafogo | 4 |
2019 | Cruzeiro e Chapecoense | 3 |
2018 | América-MG e Sport | 3 |
2017 | Bahia | 3 |
2016 | Internacional | 3 |
2015 | Flamengo, Goiás e São Paulo | 3 |
2014 | Criciúma | 4 |
2013 | Náutico | 4 |
2012 | Atlético-GO | 4 |
2011 | Avaí e Cruzeiro | 3 |
2010 | Avaí, Ceará, Prudente e Vitória | 3 |
2009 | Sport | 3 |
2008 | Figueirense | 4 |
2007 | Paraná | 4 |
2006 | São Caetano | 4 |
2005 | Juventude, Ponte Preta e São Caetano | 3 |
2004 | Guarani | 4 |
2003 | Paraná | 4 |
Fonte: Espião Estatístico
Além do número de trocas desenfreadas, a ‘cultura resultadista’ que impera no futebol brasileiro deixa também outra sequela importantíssima de ser citada: o rebaixamento. Das 28 equipes que aparecem no ranking acima liderando as modificações no comando técnico, 19 acabaram rebaixadas na respectiva edição do Brasileirão. Ou seja, 67,8% dos times que mais demitiram/contrataram treinadores ao longo do campeonato em um ano acabaram amargando o descenso.
Curiosamente, somando todas as edições do Brasileirão de pontos corridos, o time que lidera as trocas, em números absolutos, não aparece no ranking de ano em ano. Com 25 mudanças, o Athletico-PR encabeça a lista geral, com o Flamengo ao seu lado. Atrás dos dois vêm Figueirense, Atlético-MG e Fluminense, com 20.
Se considerarmos os times com mais trocas na média, Prudente e Ipatinga liderariam com 3 mudanças em média. Porém, eles participaram de apenas uma edição nos pontos corridos. Considerando o mínimo de 30% de participação nas 18 edições, a equipe com a maior média é o Fortaleza com 12 trocas em cinco disputas na Série A – uma média de 2,4 trocas por edição.
Veja o ranking com o número total de trocas dos clubes que participaram da Série A de 2003 a 2020:
Times com mais trocas de treinador no Brasileirão dos pontos corridos
Time | Total de trocas de técnicos no Brasileirão de 2003 a 2020 | Temporadas na Série A | Média de trocas por edição |
Athletico-PR | 25 | 17 | 1,5 |
Flamengo | 25 | 18 | 1,4 |
Atlético-MG | 20 | 17 | 1,2 |
Figueirense | 20 | 11 | 1,8 |
Fluminense | 20 | 18 | 1,1 |
Botafogo | 19 | 16 | 1,2 |
Vasco | 19 | 15 | 1,3 |
Goiás | 18 | 13 | 1,4 |
São Paulo | 18 | 18 | 1,0 |
Vitória | 18 | 10 | 1,8 |
Corinthians | 17 | 17 | 1,0 |
Internacional | 16 | 17 | 0,9 |
Palmeiras | 16 | 16 | 1,0 |
Coritiba | 15 | 13 | 1,2 |
Cruzeiro | 15 | 17 | 0,9 |
Grêmio | 14 | 17 | 0,8 |
Ponte Preta | 14 | 9 | 1,6 |
Santos | 14 | 18 | 0,8 |
Sport | 14 | 10 | 1,4 |
Bahia | 13 | 9 | 1,4 |
Paraná | 13 | 6 | 2,2 |
Chapecoense | 12 | 6 | 2,0 |
Fortaleza | 12 | 5 | 2,4 |
Atlético-GO | 10 | 5 | 2,0 |
Criciúma | 10 | 4 | 2,5 |
Juventude | 10 | 5 | 2,0 |
Náutico | 10 | 5 | 2,0 |
Avaí | 9 | 6 | 1,5 |
Ceará | 9 | 5 | 1,8 |
São Caetano | 9 | 4 | 2,3 |
América-MG | 7 | 3 | 2,3 |
Paysandu | 6 | 3 | 2,0 |
Guarani | 5 | 3 | 1,7 |
Santa Cruz | 5 | 2 | 2,5 |
Ipatinga | 3 | 1 | 3,0 |
Portuguesa | 3 | 3 | 1,0 |
Prudente | 3 | 1 | 3,0 |
América-RN | 2 | 1 | 2,0 |
Barueri | 2 | 1 | 2,0 |
Brasiliense | 2 | 1 | 2,0 |
CSA | 2 | 1 | 2,0 |
Joinville | 2 | 1 | 2,0 |
Santo André | 2 | 1 | 2,0 |
Bragantino | 1 | 1 | 1,0 |
Fonte: Espião Estatístico
Em meio a demissões, o técnico mais longínquo na Série A nesse momento é Renato Gaúcho, que assumiu o Grêmio em 2016 após a saída de Roger Machado, hoje no Fluminense. Em 2020, o técnico gremista foi um dos três que conseguiram disputar o Brasileirão inteiro no comando de sua equipe ao lado de Jorge Sampaoli, no Atlético-MG, e Guto Ferreira, no Ceará.
Renato Gaúcho técnico Grêmio — Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA
Curiosamente, na última edição, os quatro rebaixados fazem parte dos clubes que mais trocaram de treinadores. O Botafogo, lanterna da competição, foi quem mais mudou. Ao longo do campeonato, o Alvinegro foi comandado por Paulo Autuori, Bruno Larazoni, Ramón Diaz/Emiliano Díaz, Eduardo Barroca e Lucio Flávio. Logo atrás vêm Coritiba e Goiás. O Vasco, por sua vez, encontra-se empatado com outras três equipes na terceira posição.
Veja abaixo o ranking de mudanças de técnico no último Campeonato Brasileiro:
Ranking de trocas de treinadores no Brasileirão 2020
Clubes | Número de Trocas | Treinadores |
Botafogo | 4 | Paulo Autuori / Bruno Lazaroni / Ramón Díaz e Emiliano Díaz / Eduardo Barroca / Lúcio Flávio (interino) |
Coritiba | 3 | Eduardo Barroca / Jorginho / Rodrigo Santana / Gustavo Morínigo |
Goiás | 3 | Ney Franco / Thiago Larghi / Enderson Moreira / Glauber Ramos e Augusto César |
Vasco | 2 | Ramon Menezes / Ricardo Sá Pinto / Vanderlei Luxemburgo |
Corinthians | 2 | Tiago Nunes / Dyego Coelho (interino) / Vagner Mancini |
Athletico-PR | 2 | Dorival Júnior / Eduardo Barros (interino) / Paulo Autuori |
Fortaleza | 2 | Rogério Ceni / Marcelo Chamusca / Enderson Moreira |
Flamengo | 1 | Domènec Torrent / Rogério Ceni |
Fluminense | 1 | Odair Hellmann / Marcão |
Palmeiras | 1 | Vanderlei Luxemburgo / Abel Ferreira |
São Paulo | 1 | Fernando Diniz / Marcos Vizolli (interino) |
Santos | 1 | Cuca / Marcelo Fernandes (interino) |
Bragantino | 1 | Felipe Conceição / Maurício Barbieri |
Internacional | 1 | Eduardo Coudet / Abel Braga |
Bahia | 1 | Mano Menezes / Dado Cavalcanti |
Sport | 1 | Daniel Paulista / Jair Ventura |
Atlético-GO | 1 | Vagner Mancini / Marcelo Cabo |
Grêmio | 0 | Renato Gaúcho |
Atlético-MG | 0 | Jorge Sampaoli |
Ceará | 0 | Guto Ferreira |
Fonte: Espião Estatístico
Utilizamos como critério para a contagem apenas trocas efetivas. Interinos que terminam o ano no comando da equipe, ou somam mais de nove jogos e/ou dois meses à frente da equipe entram no cálculo.
* Estagiário sob supervisão de Roberto Maleson.
* A equipe do Espião Estatístico é formada por: Caio Carvalho, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Leandro Silva, Roberto Maleson e Valmir Storti.
Por Caio Carvalho* e Roberto Maleson — Rio de Janeiro