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Alexis Mac Allister comemora o gol em Polônia x Argentina

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Análise: “sem” Messi, Argentina brilha com jogo coletivo, vence o grupo C e vai como favorita ao mata-mata da Copa

Camisa 10 perde pênalti e vê MacAllister e Julian Alvarez anotarem gols da vitória sobre Polônia

A Argentina chegou ao Catar. Com um atraso de dez dias, de dois jogos, mas chegou. A vitória sobre a Polônia por 2 a 0 no encerramento do grupo C foi tão categórica, tão assertiva, que a Argentina pôde prescindir da melhor versão do melhor jogador do mundo. Lionel Messi esteve em campo por 90 minutos, nunca se escondeu do jogo, mas perdeu um pênalti e – fato raro – não teve participação nos dois gols.

É difícil pensar prova mais evidente da qualidade deste time. Sem precisar de Messi, a Argentina concluiu uma fase de grupos em que seu rendimento foi sempre inversamente proporcional ao tamanho do rival: perdeu quando parecia mais fácil, ganhou quando parecia mais difícil. Melhorou ao longo dos três jogos e enviou uma mensagem clara aos desavisados que publicaram obituários cedo demais. O rival das oitavas de final será a Austrália, no sábado, no estádio Ahmad Bin Ali.

Alexis Mac Allister comemora o gol em Polônia x Argentina — Foto: REUTERS/Dylan Martinez

Alexis Mac Allister comemora o gol em Polônia x Argentina — Foto: REUTERS/Dylan Martinez

Para vencer, Messi e a Argentina precisaram superar o gigantismo dos poloneses. Na maior parte do tempo, Messi esteve cercado de torres vestidas de branco e vermelhos. Na área do campo em que gosta de circular, Messi esteve rodeado dos centrais Kamil Glik, de 1,90 e Jakub Kiwior, de 1,89m. Quando recua uns metros para receber e tentar construir em vez de finalizar, é cercado por Krychowiak, 1,86m, e Krystian Bielik, 1,89. Messi tem 1,70.

Ainda assim, ele achou espaço para jogar. De seu pé esquerdo nasceram as melhores chances da Argentina, uma a uma impedidas de serem transformadas em gol pelo goleiro Wojciech Szczesny, um monstro de 1,95m. Primeiro num chute do próprio Messi, depois de uma típica corrida em diagonal, da meia-lua para dentro da área.

Depois viriam Angel Di Maria, Julian Alvarez, Enzo Fernandez, Marcos Acuña: todos frustrados pelo camisa 1 polonês. Em 206 minutos nos dois jogos anteriores, contra México e Arábia Saudita, Szczesny fez oito defesas. Em 47 minutos ante à Argentina, fez nove.

Nem quando a arbitragem proporcionou um pênalti à Argentina – por um discutível toque da mão de Szczesny no rosto de Messi – o goleiro pôde ser vencido. Messi bateu forte, à meia altura, e o goleiro da Juventus voou para manter o placar inalterado.

Messi não seguiu seu roteiro típico neste tipo de situação. Não olhou para baixo, não passou a mão pelos cabelos, não sumiu. Continuou correndo, continuou procurando lugar para jogar no Partenon polonês. E então foi tomado no colo pelas arquibancadas do Estádio 974.

Depois de terem sido derrotados por ruidosos sauditas e por infinitos mexicanos na enormidade do Lusail e seus quase 90 mil lugares, os torcedores argentinos finalmente estavam em casa na Copa do Mundo do Catar. Pela primeira vez foram maioria – se havia poloneses no estádio, não se ouviu.

A arquitetura do Estádio 974 também favoreceu: 40 mil lugares, todos perto do campo, a única arena desta Copa onde não há ar-condicionado, onde o conceito de temperatura ambiente se aplica.

Quem fechava os olhos se sentia em La Bombonera. O estádio pulsava, os seguranças cataris empenhados na inútil tarefa de lembrar aos argentinos de que ficar sem camisa em público é proibido neste país. Talvez tenham aprendido que, num estádio de futebol, uma camiseta só serve para ser girada sobre a cabeça.

Pela primeira vez na Copa do Mundo, o time do técnico Lionel Scaloni exibiu a certeza de estar fazendo tudo certo. Passes curtos, aproximações, associações em torno da bola, o que os argentinos costumam chamar de “La Nuestra”.

Pênalti de Messi, Polônia x Argentina — Foto: Reuters

Pênalti de Messi, Polônia x Argentina — Foto: Reuters

Pois foi assim que o gol finalmente saiu, no primeiro minuto do segundo tempo. Molina disparou pela direita e cruzou para o chute rasteiro de MacAllister – uma finalização menos caprichada do que todas as do primeiro tempo, mas também mais eficiente: 1 a 0.

O gol não foi suficiente para fazer a Polônia abandonar suas convicções defensivas. Lewandowski parecia um náufrago, o círculo central feito uma ilha deserta à qual era impossível chegar; seus nove companheiros de time presos em duas linhas logo à frente da grande área.

A Argentina sempre esteve mais perto de fazer o segundo gol do que de sofrer o empate. E o segundo chegou com mais uma combinação sem Messi: passe de Enzo Fernández, golaço de Julian Alvarez

Ainda haveria trinta e cinco minutos de bola rolando na Bombonera catari. Tempo de sobra para Scaloni descansar jogadores, para encurralar a Polônia, para lembrar ao mundo os motivos pelos quais os argentinos são favoritos ao título. Começou a Copa do Mundo para a Argentina.

Por Martín Fernandez — Doha, Catar

Ge.globo.com

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