Esporte
CBF foi convocada para prestar esclarecimentos na CPI da Chapecoense
“O que aconteceu com o Manchester City vai acontecer no Brasil”, diz secretário-geral da CBF em Brasília
Walter Feldman diz que fair play financeiro será implementado na Série A ainda em 2020. Punição, porém, não prevê banimento dos clubes que descumprirem as normas
Um modelo de fair play financeiro inspirado no europeu, que na última sexta-feira baniu o Manchester City por dois anos de qualquer competição europeia, será implementado ainda este ano na elite do futebol brasileiro. A declaração foi dada pelo secretário-geral da CBF, Walter Feldman, nesta terça-feira, em Brasília.
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– É um mecanismo que exige profissionalização gradativa chegando à máxima na estrutura de funcionamento no futebol, e aqueles que não seguirem rigidamente essas normas serão punidos. Primeira fase de maneira educativa, orientadora, mas depois com punições, chegando até a perder pontos – disse Feldman.
Segundo o secretário, o modelo brasileiro de fair play financeiro, a princípio, não prevê o banimento dos clubes que descumprirem as normas, como foi o caso do Manchester City – lembrando que o clube inglês prometeu recorrer da decisão da UEFA na Corte Arbitral do Esporte (TAS).
– Não temos ainda o sistema da Uefa, mas temos punições severas para ensinar ao futebol brasileiro que tudo tem de ser feito da maneira correta – completou o secretário da entidade.
De acordo com o Diretor de Registro e Transferência da CBF, o ex-jogador Reynaldo Buzzoni, que também esteve em Brasília, um congresso técnico com representantes dos clubes está marcado para a próxima semana, onde será apresentado o modelo de fair play financeiro para o Brasil.
A ideia é implementar uma norma inspirada no modelo europeu, mas alinhada à realidade do futebol brasileiro. Por isso, a CBF contratou o consultor e economista Cesar Grafietti, que fez o estudo dos cenários e desenhou o modelo brasileiro.
Quais clubes poderiam ser punidos?
Conforme tratado pelo repórter Rodrigo Capelo nessa segunda – veja aqui a reportagem completa do blog –, enquanto as regras não forem completamente anunciadas, não haverá clareza sobre os riscos e ajustes necessários a serem feitos pelos clubes brasileiros.
Tendo como base o modelo europeu, no entanto, e, como fez Capelo, levando em consideração os balanços patrimoniais de 2018, metade dos clubes da Série A reprovaria, dentre eles gigantes como Botafogo, Grêmio, Santos e Vasco.
CPI da Chapecoense
O secretário-geral Walter Feldman e outros dois representantes da CBF – Reynaldo Buzzoni, diretor de Registro e Transferência, e Marcelo Aro, diretor de Relações Institucionais – estiveram na manhã desta terça-feira no Senado Federal para prestação de depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Chapecoense, que investiga a situação dos familiares e vítimas do acidente aéreo que deixou 68 vítimas fatais em novembro de 2016.
Convocados para prestar esclarecimentos sobre a atuação da entidade no caso, Feldman reiterou, em nome da entidade, que acredita que a CBF fez tudo o que poderia ter feito na ocasião.
– Criamos um gabinete de crise para cuidar da situação. Fornecemos todo o apoio possível tendo em vista que o ocorrido se deu fora do país. Prestamos apoio médico aos sobreviventes, financeiro, uma vez que oferecemos uma doação de R$ 5 milhões à Chapecoense, e conseguimos o deslocamento dos corpos pelos aviões da FAB. Sempre no intuito de melhorar a angústia e o sofrimento impensável das pessoas envolvidas na tragédia – afirmou Feldman.
O presidente da CBF, Rogério Caboclo, que também havia sido convocado para o encontro, não compareceu a Brasília. Segundo o senador Jorginho de Mello, presidente da CPI, a alegação do mandatário foi ausência de espaço na agenda – Caboclo esteve na convocação da Seleção Feminina, nesta terça – e desconhecimento de informações que poderiam auxiliar na investigação.
Por Marcelo Cardoso — Brasília, DF / Globoesporte.globo.com