Vagner Mancini tem prometido ao torcedor um time com a cara do Corinthians

Análise: o que deu certo e o que deu errado na vitória do Corinthians contra o Internacional

Vitória sobre o líder do Brasileiro pode dar ao Timão força necessária para virar na Copa do Brasil

Vitórias improváveis e inquestionáveis costumam ter grandes efeitos na trajetória de times de futebol.

Ao vencer o líder Internacional por 1 a 0 com merecimento inquestionável, o Corinthians mostra que pode ter uma nova cara e indica que o time tem força para, na próxima quarta-feira, tentar reverter a derrota por 1 a 0 contra o América-MG e brigar pela vaga nas quartas da Copa do Brasil.

No duelo da próxima quarta-feira, às 21h30, em Belo Horizonte, o Corinthians precisa de uma vitória por dois gols de diferença para avançar. Um triunfo por um gol leva a decisão para os pênaltis.

Mais notícias do Corinthians:
+ Atuações: veja as notas do Timão
+ A análise de Mancini sobre a vitória

Aposta que deu certo

Quando o departamento de comunicação publicou o vídeo da chegada do elenco na Neo Química Arena, um rosto chamou a atenção nos corredores da Arena. Era Matheus Davó. Fora da lista de relacionados dos últimos dez jogos, o camisa 33 estava de volta. Minutos depois, a divulgação da escalação gerou surpresa total em jornalistas e torcedores: ele seria titular pela primeira vez.

Sem Jô, com uma contratura muscular na panturrilha direita, sem Mantuan, que sofreu lesão no joelho esquerdo, e sem Boselli, com dores nas costas, Mancini viu em Davó um fato novo nos últimos treinos e resolveu apostar no garoto de 21 anos que havia entrado em apenas três jogos em 2020.

Com duas linhas de quatro bem definidas, Mancini deixou Cazares e Davó flutuando e iniciando a pressão na saída de bola do Inter. Quando o Timão tinha a bola, apostou em transição vertical rápida.

Foi assim que Cazares deu dois grandes lançamentos para o ataque, acelerando o jogo. E foi assim também que o equatoriano passou fácil por Victor Cuesta para servir Davó dentro da pequena área.

Davó comemora o gol da vitória do Corinthians sobre o Inter — Foto: Marcos Ribolli

Raça, determinação e doação

Vagner Mancini tem prometido ao torcedor um time com a cara do Corinthians. Desses que marca com vontade, corre, que se dedica, que não perde dividida e que sai de campo com a sensação de que deixou tudo em campo. Esse foi o jogo de Ramiro diante do Internacional.

Embora vários jogadores tenham se destacado nestes quesitos, como Fagner, Marllon, Gil, Fábio Santos, Xavier e Otero, o meio-campista de carreira vitoriosa no Grêmio teve um espírito vencedor diante do Internacional e fez uma de suas principais partidas pelo Timão.

Com disciplina tática, os jogadores se doaram muito e conseguiram sair de campo sem ser vazados por um dos principais times do campeonato. Thiago Galhardo, o craque da competição, teve atuação tímida, sendo até expulso nos minutos finais. Equilibrado, o Timão foi também maduro e eficiente.

E agora?

Em sua entrevista coletiva, Vagner Mancini disse aos jogadores que vencer o Internacional não é o teto. Que a vitória precisa ser um divisor de águas para um novo momento de um time em evolução.

Diante do América-MG, dois problemas: Otero e Fábio Santos não poderão atuar. A tendência é que ele escale Léo Natel e Lucas Piton. Os dois jogaram muito bem contra o Inter e podem fazer falta.

Na escalação de Mancini, um jogador me parece ainda sem domínio da titularidade: Éderson. Importantíssimo na marcação, ele tem um papel fundamental na iniciação de jogadas de ataque e precisa aproveitar a liberdade que tem para pisar a área. Há espaço para a sua evolução.

Hoje, apostando num ataque móvel, é difícil ver espaço para que Jô retome sua titularidade quando estiver bem fisicamente. Boselli, com contrato até 31 de dezembro, pode ter trajetória encurtada.

Números do jogo

O Timão teve menos posse que o adversário (34% a 66%), mas teve equilíbrio de finalizações (seis a sete). A única chance de real perigo que sofreu foi num chute de Edenílson por cima bem no início da partida. Trocou 221 passes, contra 499 do time de Eduardo Coudet.

Por Marcelo Braga — São Paulo / Globoesporte.globo.com