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Flamengo chegou ao Allianz Parque menos de uma hora antes do jogo

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Dos bastidores da espera ao vai e vem jurídico: a movimentada cronologia dos fatos de Palmeiras x Flamengo

Gerson mostra liderança ao lado de Arrasca, Maia e Pedro enquanto garotada mantinha a tranquilidade mesmo querendo ir para o jogo. Braz deu o sinal de ida para o estádio

Quarteto experiente em ação, olho no telefone, foco na partida e vontade de jogar. Que os meninos do Flamengo suportaram bem a pressão e fizeram bonito nos 90 minutos de bola rolando, todos viram no 1 a 1 com o Palmeiras. Reflexo de um comportamento que já tinha chamado a atenção nos bastidores, mesmo em meio ao vai e vem de liminares que decretou a realização da partida menos de dez minutos antes do horário marcado.

Flamengo chegou ao Allianz Parque menos de uma hora antes do jogo — Foto: Premiere

Flamengo chegou ao Allianz Parque menos de uma hora antes do jogo — Foto: Premiere

Quem acompanhou de perto toda apreensão por conta do adiamento da partida não tem dúvidas em afirmar: a garotada queria ir para campo. A oportunidade de encarar um rival como o Palmeiras e em jogo televisionado para todo o país sobressaiu em relação a qualquer problema. Até por isso, a preocupação foi tanta em se preparar para jogar desde a saída do Rio.

Sem controle das informações que vinham através do telefone do vice geral e jurídico, Rodrigo Dunshee de Abranches, os jogadores seguiram as orientações do departamento de futebol e cumpriram todo ritual de preparação. Cientes do papel de líderes, Arrascaeta, Gérson, Thiago Maia e Pedro eram responsáveis por manter o ambiente leve e deixaram os mais jovens tranquilos fosse com brincadeiras ou conversas ao pé do ouvido.

Hugo Souza, emocionado ao fim do jogo contra o Palmeiras, recebe o carinho dos companheiros de Flamengo — Foto: Reprodução

Hugo Souza, emocionado ao fim do jogo contra o Palmeiras, recebe o carinho dos companheiros de Flamengo — Foto: Reprodução

Destes, Gérson foi quem mais chamou a atenção de quem esteve no hotel do Flamengo no Morumbi. O camisa 8 foi o chamado “capitão sem faixa”, sempre trazendo para perto os meninos do Sub-20 e passando tranquilidade. Nem mesmo o entra e sai do ônibus que levaria a delegação para o estádio foi capaz de criar um clima de tensão.

Os jogadores já estavam no veículo quando receberam a informação de que deveriam voltar para seus quartos pouco antes das 15h (de Brasília). A ordem era de que se mantivessem tranquilos e deixassem para outro quarteto a condução dos fatos.

Cacau Cotta, Bruno Spindel e Gabriel Skinner estiveram em contato direto com Braz — Foto: Reprodução

Cacau Cotta, Bruno Spindel e Gabriel Skinner estiveram em contato direto com Braz — Foto: Reprodução

Bruno Spindel (diretor executivo), Cacau Cotta (diretor de relações externas) e Gabriel Skinner (supervisor) estiveram em contato direto com Marcos Braz para alinhar a tomada de decisão. E veio do vice de futebol a sinalização para que a delegação seguisse para o Allianz Parque às 14h55.

A percepção era de que a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) sairia a qualquer momento e o Flamengo correria risco de WO se não estivesse no estádio. Foi o supervisor Gabriel Skinner quem deu a sinalização positiva para o jogo no vestiário quando os jogadores do Palmeiras já se encaminhavam para o campo.

A comissão técnica correu contra o tempo para o aquecimento ali mesmo, e os mais experientes trataram de “esquentar” o ambiente. Com atraso de 20 minutos, o Flamengo subiu o túnel do Allianz, e os jovens repetiram em campo o comportamento das movimentadas horas que antecederam o jogo.

Confira a cronologia dos fatos até a confirmação da partida

Flamengo pede terça-feira a CBF adiamento do jogo

Com sete jogadores, o médico Márcio Tanure e o dirigente Juan infectados pelo novo coronavírus, na terça-feira, dia 22 de setembro, o Flamengo pediu que a CBF remarcasse para outra data a partida com o Palmeiras. Em documento assinado pelo vice-presidente Rodrigo Dunshee de Abranches, o clube alegou prejuízo técnico por conta da contaminação de sete jogadores com Covid-19.

Em anexo ao ofício, o Flamengo enviou para CBF todos os exames positivos da delegação no Equador, além de uma reportagem do ge onde especialistas alertavam para os riscos de contaminação no cenário atual. O Palmeiras discordou do pedido e se manifestou através do presidente Maurício Galiotte.

– O Palmeiras é contra o adiamento da partida do próximo domingo. O protocolo adotado para a competição contempla situações desse tipo. Não há, portanto, razão para que o jogo não aconteça.

CBF recusa quinta-feira

Dois dias depois, na quinta-feira, dia 24 de setembro, a CBF se posicionou sobre o pedido do Flamengo e negou o adiamento da partida. A decisão foi divulgada após a reunião com os clubes e federações que também vetou a retomada de público aos estádios.

A confederação emitiu nota com a determinação que cada time precisa ter no mínimo 13 atletas saudáveis – ou com testes negativos para Covid-19 – para poder entrar em campo. E usou o jogo entre Palmeiras e Flamengo como exemplo, para dizer que a partida deveria acontecer de acordo com a nova decisão.

Em carta assinada pelo diretor de competições Manoel Flores, a CBF disse entender os motivos do Rubro-Negro, mas ressaltou que o time tinha elenco suficiente para a partida, com a possibilidade de inclusão de mais seis jogadores.

Flamengo pede quinta-feira ao STJD adiamento do jogo

Temendo uma recusa da CBF, que acabou se confirmando horas depois, o Flamengo se antecipou e entrou no STJD com um pedido para que a partida fosse adiada. O jurídico do clube protocolou um pedido de tutela de urgência para a remarcação da data.

No pedido ao STJD, o clube carioca alegou que tinha apenas 12 atletas disponíveis para entrar em campo contra o Palmeiras, sendo que 3 deles são goleiros, restando apenas 9 jogadores em condições de jogo.

O clube ainda anexou um parecer médico com recomendação de adiamento de outros jogos no período de 10 a 14 dias a contar o último resultado positivo no elenco (23 de setembro).

STJD recusa sexta-feira

Na sexta-feira, dia 25 de setembro, o negou o pedido do Flamengo de adiamento da partida contra o Palmeiras. No despacho, o presidente do STJD, Otávio Noronha, relatou que os pedidos deferidos de adiamento se deram por caráter de urgência. Para ele, este não era o caso do Flamengo e, por isso, a partida deveria acontecer.

Otávio rebateu ainda as argumentações do clube. O texto rebateu a informação de que a equipe só teria 12 jogadores, sendo nove de linha à disposição para enfrentar o Palmeiras. Sem concordar com a decisão e com nove novos casos, o Flamengo pediu a revisão da decisão judicial.

Em entrevista, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, disse que manter o jogo com Palmeiras era “absurdo” e criticou tratamento dado ao clube. O vice-presidente, Rodrigo Dunshee, também se manifestou e afirmou como “irresponsável” a confirmação da partida.

Sindiclubes entrou com pedido de adiamento

No sábado, a história do confronto ganhou mais um capítulo com a participação do Sindeclubes. O sindicato que representa funcionários de clubes do Rio de Janeiro entrou com uma ação civil pública, no Tribunal Regional do Trabalho, pedindo o adiamento do jogo entre Palmeiras e Flamengo, até que todos os empregados rubro-negros pudessem cumprir quarentena.

No documento, o sindicato alegava que 21 profissionais estavam escalados pelo clube para o jogo e que havia o “risco elevado de contágio”, uma vez que muitos deles estiveram no Equador, quando houve um surto de contaminação de coronavírus na delegação rubro-negra.

O Sindeclubes é presidido por José Pinheiro dos Santos, que é funcionário da segurança do Flamengo. Segundo ele, o pedido para que fosse feita a ação partiu de empregados rubro-negros, preocupados com a realização da partida.

TRT acatou sábado

No sábado, dia 25 de setembro, o Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro determinou a suspensão da partida entre Palmeiras e Flamengo. O órgão acatou o pedido do Sindiclubes, o sindicato dos funcionários de clubes no estado, que entrou com uma ação civil pública, assinada pelo advogado Henrique Fragoso, na sexta-feira.

A determinação de adiamento era para que o jogo só acontecesse após os empregados do clube carioca cumprissem quarentena, com a justificativa de possibilidade de contágio. A decisão foi assinada pelo juiz do trabalho Filipe Olmo. A multa para descumprimento da decisão estabelecida era de R$ 2 milhões. A CBF tentou recorrer da decisão do TRT.

Saferj pediu o adiamento no domingo

Mesmo com o jogo suspenso pelo TRT, no sábado à noite, em documento com 20 assinaturas, os jogadores do Flamengo entregaram ao Sindicato de Atletas do Rio de Janeiro (Saferj) o pedido para não entrar em campo, devido ao surto de Covid-19 no elenco rubro-negro.

O Saferj acatou a decisão e entrou com uma ação no Tribunal Regional do Trabalho solicitando a suspensão do jogo. Apesar da questão jurídica, a delegação do Flamengo viajou normalmente para São Paulo.

STJ validou a decisão do TRT domingo

No domingo, dia do jogo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um recurso impetrado pela CBF para permitir a partida entre Palmeiras e Flamengo. Com isto, o jogo seguiu suspenso, devido à decisão do Tribunal Regional de Trabalho.

Com a notícia, a delegação do Flamengo, que começava a embarcar para o estádio, retornou para o hotel onde estava hospedada em São Paulo.

TRT proibiu o Flamengo de treinar domingo

Também no domingo, o Tribunal Regional do Trabalho acatou a ação de sindicato de atletas e proibiu o Flamengo de treinar, jogar e viajar por 15 dias. A multa para cada jogo realizado era de R$ 10 milhões e de R$ 1 milhão por cada dia descumprido.

A decisão foi tomada pelo juiz Filipe Olmo, o mesmo que acatou no sábado a ação do Sindeclubes, que representa funcionários de clubes do Rio de Janeiro, determinando a suspensão do duelo entre Palmeiras e Flamengo deste domingo. A CBF tentou recorrer, mas foi rejeitada tanto no TRT quanto no STJ.

TST confirma o jogo

Faltando 10 minutos para o horário marcado para o jogo entre Palmeiras e Flamengo, Tribunal Superior do Trabalho (TST) deferiu o pedido da CBF cassando a limitar do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) que determinava o adiamento da partida.

Em despacho do vice-presidente do TST, Vieira de Mello Filho, indicando que a ação do TRT-RJ excede os limites de competência territorial, uma vez que está sediado no Rio de Janeiro e a partida seria em São Paulo. Com todo imbróglio, o jogo começou com atraso.

Por Cahê Mota e Gustavo Garcia — Rio de Janeiro / Globoesporte.globo.com

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