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Economia

Os bancos alegam que o parcelamento em muitas prestações e sem juros contribui para o calote nas faturas

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Inadimplência de quem paga à vista equivale à de quem parcela no rotativo do cartão de crédito

Para associação de financeiras, a proposta vai afetar o comércio e o setor de serviços em um momento crucial para a economia do país

A Abranet (Associação Brasileira de Internet), que representa empresas que prestam atendimento a mais de 70 milhões de clientes de serviços financeiros, divulgou nesta segunda-feira (14) um comunicado em que reafirma seu posicionamento contra a proposta dos bancos, levada ao governo, de limitar as compras parceladas no cartão de crédito.

Além disso, a entidade apresentará  nesta segunda-feira a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, um estudo que mostra que a inadimplência nas compras parceladas no cartão de crédito é equivalente à dos pagamentos à vista. Foram considerados apenas os pagamentos em uma única parcela, com o valor a ser cobrado na fatura seguinte do cartão.

O levantamento mostra que, entre os consumidores que só compram à vista, a taxa de inadimplência é de 31%. Entre aqueles que fazem apenas compras parceladas, 30% deixam de honrar seu compromisso. No grupo de pessoas que compram das duas formas, à vista e também a prazo, o percentual de inadimplentes é de 30%.

A pesquisa contraria o argumento apresentado por Campos Neto em uma audiência no Senado, na última quinta-feira (10), ao dizer que avalia políticas para diminuir a inadimplência média nessa modalidade de pagamento, em torno de 53%. Os juros do crédito rotativo são cobrados dos clientes que não quitam a fatura mensal do cartão de crédito ou pagam apenas uma parte dela.

Os bancos alegam que o parcelamento em muitas prestações e sem juros contribui para o calote nas faturas e pedem a criação de medidas para desestimular a modalidade. De acordo com o grupo, a inadimplência pressiona a Selic, a taxa básica de juros, que se mantém em níveis elevados (13,25%).

Para a Abranet, a medida é prejudicial aos lojistas, aos consumidores e à economia do país.

Segundo a associação, tal projeto vai encarecer o pagamento parcelado sem juros, o que terá como consequência um desaquecimento ainda maior da economia. Por isso, ela defende a livre concorrência e repudia a tentativa de extinção, taxação ou alteração dessa forma de pagamento.

“Milhões de brasileiros que fazem compras parceladas serão prejudicados, e muitos lojistas que dependem de vender parcelado para manter seus negócios. Metade de todas as vendas em cartão de crédito em 2022 foi parcelada. Foi R$ 1 trilhão em compras parceladas, o que equivale a 10% do PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro”, diz Carol Conway, presidente da Abranet. 

Para ela, a modalidade de pagamento parcelado sem juros, ao contrário dos argumentos de quem defende seu fim, “viabiliza a estabilidade financeira do cidadão em suas compras diárias de produtos ou serviços, promovendo a inclusão social e o desenvolvimento econômico sustentável”.

A Abranet também discorda da criação de um limite para o número de parcelas e de taxas para desestimular o parcelamento, o que afeta não só a população, mas comércios e serviços da base da pirâmide da economia, que movimentam menor capital. 

A associação diz que os dados divulgados pelo BC revelam que essa forma de pagamento movimentou, em 2022, 10% do PIB, que totalizou R$ 1 trilhão. Também cita um estudo da LCA Consultores, que calculou perdas de cerca de R$ 190 bilhões em vendas para o varejo sem o crédito parcelado.

“O objetivo dos grandes bancos é limitar o parcelado sem juros para substituí-lo pelo parcelado com juros. O parcelado sem juros é uma conquista do consumidor, uma ferramenta que apoia o consumo, e hoje é essencial para o desenvolvimento do comércio, da competição e da economia”, avalia Carol Conway.

A Abranet lembra que, no passado, grandes bancos já tentaram acabar com as compras parceladas, também conhecidas como PSJ (parcelado sem juros), mas a forte reação dos consumidores e dos comerciantes, principalmente dos pequenos e médios negócios, levou ao abandono do assunto naquele momento. 

A discussão ressurge de tempos em tempos e, agora, segundo a associação, volta com uma estratégia mais inteligente: “Para não falar em acabar com o PSJ, a ideia é encarecer e limitar, cobrando mais taxas quanto mais parcelado for o pagamento e diminuindo a quantidade de parcelas disponíveis para o consumidor. Na prática, significa reduzir e, com o tempo, acabar com o PSJ”, diz o comunicado da Abranet.

  • ECONOMIA | Do R7
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