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Torcida do Flamengo no jogo contra o Fluminense

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Análise: afirmação de jogo sem riscos de Tite faz torcida do Flamengo aceitar 0 a 0 sem resmungar

Apesar de o Fluminense ter atacado mais, Rubro-Negro criou oportunidades e teve belo gol anulado por uma falta marcada após intervenção do VAR

Exigente por natureza e ainda mais rigorosa por conta de tudo que conquistou recentemente, a torcida rubro-negra deu prova de que está entendendo o Flamengo de Tite. O primeiro tempo não foi legal e o segundo menos ainda em termos de construção de jogadas, mas o 0 a 0 com o Fluminense foi aceito numa boa. Sem vaias, protestos ou o tradicional grito de “queremos raça”.

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Torcida do Flamengo no jogo contra o Fluminense — Foto: Agif

Torcida do Flamengo no jogo contra o Fluminense — Foto: Agif

O leitor vai responder: “é evidente, o time se classificou para a final do Carioca”. Mas não é só isso. Não foi um 0 a 0 modorrento e nem se viu um Flamengo que só se defendeu. O Rubro-Negro criou boas chances, mas não as aproveitou. Não houve o “queremos raça” porque sobrou raça.

Flamengo criou e deu o gostinho de um golaço

O Flamengo deu sabor de um golaço ao seu torcedor em lance praticamente idêntico ao que Pedro, o autor, e Arrascaeta, o garçom, protagonizaram contra o Corinthians na Libertadores de 2022, também no Maracanã. Naquela partida, válida pelas quartas de final, a jogada foi confirmada. Neste domingo, após intervenção do VAR, o gol foi anulado.

Assim como naquele duelo pela competição sul-americana, Arrasca recebeu pela esquerda e deu com açúçar, de três dedos, para o camisa 9 estufar a rede.

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A anulação deu-se por uma falta totalmente desnecessária de Luiz Araújo na origem do lance, numa faixa do campo onde haviam outros quatro rubro-negros para tentar atrapalhar Keno. Oito minutos antes, o mesmo Luiz Araújo já havia parado o mesmo adversário com outra tomada de decisão errada, um carrinho por trás num momento em que o 11 tricolor ainda poderia ser abafado pela linha de defesa do Flamengo.

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Aliás, Luiz Araújo, apesar dos erros, participou de muitas ações importantes na etapa. Logo na primeira jogada de perigo de Flamengo, ele também não foi bem na hora de definir. Recebeu cruzamento limpo de Ayrton Lucas e, sozinho, cabeceou mal demais. Em outra, porém, aproveitou roubada de Pulgar diante de Keno, penteou a bola no timing certo e tocou para Pedro ser impedido por uma ótima defesa de Fábio.

Repare que ao falarmos de apenas um jogador, seja errando ou acertando, pôde-se notar que o Flamengo deu trabalho. Outro nome citado que por pouco não protagonizou um lindo gol foi Pedro. Na segunda jogada em que recebeu de frente para Martinelli e conseguiu arrastar até o fundo, cruzou muito bem para Arrascaeta, mas uma casquinha de Manoel tirou o doce da boca do uruguaio.

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E o arrojado Fluminense levou perigo quando no primeiro tempo? Somente numa puxeta de Renato Augusto, aos cinco minutos. Se alguém quiser forçar, dá para citar a falta cobrada por Marcelo justamente na infração que causou a anulação do gol do Flamengo. Mas não passou disso. Teve 61% de posse de bola, uma finalização a mais (7 a 6), mas não assustou.

Lances para levantar a torcida e tranquilidade de quem não sofre

Se os rubro-negros não puderam comemorar o gol de Pedro, não faltaram ações que merecessem aplausos e gritos de incentivo. De la Cruz, que não foi brilhante na construção, levantou o estádio por vezes com sua eletricidade.

Por ter uma intensidade impressionante, roubou bolas como elemento surpresa por diversas vezes. E apanhou muito. Foi o principal alvo das constantes faltas táticas do Fluminense – ninguém sofreu mais do que ele no jogo, com seis no total.

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E os zagueiros? Fabrício Bruno parecia querer fazer valer a convocação e ganhava todas pelo alto e por baixo. Além de intransponível no combate, arrancou aplausos ao conseguir alguns bonitos lançamentos para os atacantes. Léo Pereira também esteve em ótimo nível.

Quem apareceu muito bem também no jogo foi Varela. Defendeu com clareza e soube escolher os momentos para subir. Logo aos dois minutos do segundo tempo, ele intercepta bola de Marcelo que encontraria John Kennedy em excelentes condições e, num intervalo de 15 segundos, dispara pela direita, recebe de Pulgar e deixa Arrascaeta numa boa para cruzar. Pena que o compatriota mandou nas mãos de Fábio.

Varela jogou muito contra o Fluminense — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

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E o Fluminense? Novamente com Renato Augusto, levou perigo apenas uma vez no segundo tempo. Craque, aproveitou raro espaço e arriscou de longe, mas ficou no travessão.

A compactação que permitiu o recordista Rossi “voltar de uniforme limpo para casa mais uma vez” foi outro fator que livrou os rubro-negros do tédio que um 0 a 0 geralmente costuma provocar. Que torcedor do Flamengo não curtiu o quão longe da meta do argentino foram parar alguns chutes do Fluminense, disparados dessa forma pela falta de espaço e de paciência do adversário.

Um 0 a 0 de afirmação

Foi um 0 a 0 de afirmação de um time que se nega a sofrer e que é extremamente seguro. Até no dia em que não houve gol de forma oficial, o Flamengo teve um golaço para chamar de seu e comemorar por segundos. Teve atitude e aceitação. E tal entendimento arrancou sorrisos de quem começa a cair no gosto dos rubro-negros. Tite creditou a resposta positiva ao equilíbrio e teve a humildade de admitir que faltou uma pitada artística à atuação do seu time.

– De novo vou falar em equilíbrio. Passamos uma semana com muita dificuldade. Estava falando com o Fábio da dosagem do trabalho, e o jogo que a gente fez exigiu muito. Hoje tivemos uma série de substituições que foram feitas em função do desgaste e dos problemas que tivemos. Isso é significativo. E às vezes tira a finesse do refinamento de uma jogada de contra-ataque porque o adversário precisava do placar, adiantava a marcação e dava espaços nas suas costas para termos aquilo que nós temos de qualidade de ser agressivo e de ser vertical. E essa finesse faltou para aquilo que falo de equilíbrio na contundência, nas ações ofensivas. Em contrapartida teve a solidez.

Matheus Bachi, filho de auxiliar do treinador, tirou suas conclusões sobre por que razões um 0 a 0 não irritou a exigente torcida rubro-negra. A postura, segundo ele, foi o termômetro.

– Muito importante a torcida entender a característica do jogo. Era uma que vinha para correr riscos, e acredito que a nossa postura ajudou o torcedor a entender. Sempre procurou agredir a marcação, sempre procurou marcar alto. Onde estava a bola, a gente procurava agredir e não ficar lá atrás aguardando alguma situação do Fluminense. Tanto que tiveram poucas situações de finalização no gol, acho que só a do Renato (Augusto).

O Flamengo está seguro e maduro para começar a apagar o frustrante ano de 2023 sem taças. Apoio não falta de uma torcida que sempre se declarou inimiga do 0 a 0 e de jogos mais pragmáticos. Apesar de seu DNA ofensivo, o rubro-negro soube ler muito bem o jogo que tirou do Fluminense a chance do tricampeonato.

Por Fred Gomes — Rio de Janeiro

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