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Momento difícil para mim (emocionado). Queria agradecer por tudo, Rafinha vai ao Ninho pela última vez

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Lateral-direito se encontra com ex-companheiros, recolhe material e dá entrevista coletiva em último ato pelo clube carioca. Foram cinco títulos e cinco derrotas em um ano

Rafinha vai ao Ninho pela última vez e se emociona na despedida do Flamengo: “Decisão com coração partido”

O ato final de Rafinha pelo Flamengo. Três dias depois de ter a saída confirmada por Marcos Braz e se desligar do elenco antes da vitória sobre o Coritiba, o lateral-direito esteve pela última vez no Ninho do Urubu. Antes de a entrevista começar, quando o lateral já estava emocionado, Gabigol entrou na sala com garrafas de isotônico e abraçou o amigo.

Outros jogadores acompanharam a despedida de Rafinha. Filipe Luís mandou um recado.

– Nós te amamos, obrigado por tudo que fez por nós. Você deixou um legado. O que vem vai ter que suar para chegar na sola da tua chuteira.

Foi Rafinha quem pediu espaço para uma última entrevista coletiva. Acostumado com o padrão europeu de fim de ciclos, não queria ir embora sem dar um adeus falando para a torcida após pouco mais de um ano e cinco títulos.

– Momento difícil para mim (emocionado). Queria agradecer por tudo. Vim pelo desafio de tentar triunfar no Brasil e consegui. Isso que ficou. Vai ficar marcado. Realizei sonhos… campeão do Brasileiro e da Libertadores. Com 34 anos, ainda ter mercado na Europa é um prêmio. Meus companheiros são prova de que dei meu sangue. Em alguns momentos fui para o sacrifício, principalmente quando tive a lesão no rosto. Foi uma situação de risco, mas encarei e deu resultado. Vivi momentos que ficarão marcados. O embarque para a Libertadores e para o Mundial ninguém vai apagar. O desfile depois do título ficará marcado. Agora chegou a hora de encarar mais um desafio. É uma decisão difícil, tive que pensar muito. Tomei decisão com o coração partido. Saio com sensação de dever cumprido.

Rafinha defendeu o Flamengo em 46 jogos, com 34 vitórias, sete empates e cinco derrotas. Não fez gol e foi campeão da Libertadores e do Brasileirão em 2019, da Supercopa, da Recopa e do Carioca em 2020.

Enquanto o lateral atendia a imprensa, os agora ex-companheiros se reapresentavam no centro de treinamento. Quarta-feira, às 19h15 (de Brasília), o Flamengo recebe o Grêmio, no Maracanã, pela quarta rodada do Brasileirão.

Mais da entrevista de Rafinha:

Por que tomou a decisão?

– É algo que envolve muita coisa, também da minha família. Recebi a proposta antes do jogo contra o Atlético-GO. Sabia que havia interesse de outros clubes, mas não do Olympiacos. Era meio-dia da quarta-feira, foi uma decisão difícil e muito rápida. Tenho família, tenho filhos e isso pesou muito na decisão.

Gabigol abraça Rafinha em sua despedida — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Gabigol abraça Rafinha em sua despedida — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Lado financeiro

– Vim para o Flamengo com o coração mesmo. Vim com esse desafio, triunfei e conquistei todos os títulos possíveis. Agora, foi uma decisão com o coração, mas também com a cabeça. Tenho poucos anos de carreira pela frente. Não é só pela parte financeira. Para mim, é um prêmio receber essa proposta com 34 anos e voltar a jogar a Champions.

Renovação

– Não é que não avançou. Meu representante tinha uma reunião marcada com o Flamengo para esta segunda-feira, mas não aconteceu porque chegou a proposta. O Flamengo fez tudo para que eu permanecesse. Tive que pensar muito para decidir isso. Tenho minha vida, minha família e poucos anos de futebol. Esse foi o motivo. Minha cabeça está tranquila.

Volta ao Flamengo

– O futebol é dinâmico. Não sabemos o dia de amanhã. Vou, mas meu coração segue no Flamengo. Se for da vontade de Deus, quero voltar para jogar ainda.

Carinho dos companheiros

– (Rafinha chora muito) Esse moleques sabem muito o quanto eu me dediquei para que o grupo seguisse fechado. Tenho esse espírito de liderança, coloquei algumas regras que uns gostavam, outros não. Mas sempre tentei deixar o vestiário com o melhor ambiente possível. Por isso, fiz muitos churrascos. Todos têm problemas em casa, mas tentei deixar o ambiente de trabalho bem.

Substituto

– Desejo muita sorte para quem chegar. Eu não estava seguro quando vim, tinha medo. O Lincoln me convenceu e disse que ia dar certo. Eu não tinha noção da dimensão do Flamengo. A comemoração que o Filipe falou é coisa fechada nossa. O Diego (Alves) perguntou quem vai fazer samba na Grécia. Trouxeram até meus instrumentos para matar a saudade um pouco. Meu coração está apertado, mas é um desafio novo, estou feliz.

Isla

– Com certeza é um grande jogador. Procurei tirar informações dele, que jogou muito tempo com o Vidal na seleção chilena. Ele está vindo para um grande clube e também para passar (para ele) o que é o Flamengo. Está bem servido, sim. Tem muita experiência na Europa, está vindo para um dos maiores clubes do mundo, o maior do Brasil, campeão de tudo. Não há melhor referência.

Dúvidas sobre a decisão?

– Deixo raízes aqui e não tenho medo de me arrepender. Sempre foi assim quando eu tive a decisão de mudar de clube. Tive a chance de renovar com o Bayern por dois anos e optei por vir para o Flamengo. Não tenho que me arrepender porque não fiz nada de errado no Flamengo. Só vivi coisas boas.

Lições do Flamengo

– O que posso resumir é o amor e a paixão que os torcedores têm por esse clube. Nunca vi na minha vida uma coisa parecida. Quero agradecer a todos os torcedores que fizeram com que eu passasse por isso. O que levo daqui é só paixão e amor. O que vivi nesse ano aqui e nas ruas, nos restaurantes, no mercado, sempre paro para tomar um café na Avenida das Américas, a paixão pelo Flamengo é impressionante. Quero aproveitar e agradecer aos torcedores que me deram apoio e me cobraram quando tinham que cobrar.

Contraproposta

– Sim, me apresentaram, fizeram uma contraproposta muito boa, mas já estava decidido na minha cabeça. Queria viver isso, deixei claro o meu desejo. Devido a tudo isso que está acontecendo no mundo. O Flamengo vive um momento maravilhoso, ganhou tudo. Perdeu dois jogos, mas o momento de instabilidade é zero. Ganhamos 50 jogos. É um técnico novo, competição nova, sem torcida… É um momento em que quero um desafio novo.

João Lucas

– Falei com o João, sim. Todo mundo sabe a confiança que ele tem do grupo. É um menino muito bom, que precisa ter continuidade para mostrar a qualidade que tem. Não gosto de ficar falando de quem não está aqui por não ser problema nosso. São bons jogadores, mas quem está no Flamengo também é muito bom.

Saída de Jorge Jesus pesou?

– Não interfere em nada na minha saída. Ele já está no Benfica, não está mais com a gente. O futebol é muito dinâmico, treinadores vão e voltam, jogadores também… Então, não adianta fazermos planos. As coisas acontecem de um dia para o outro.

Momento mais marcante

– Foram tantos momentos bons, mas vou ficar com aquele da Libertadores quando voltamos. Aquela chegada no Rio de Janeiro, com dois aviões da força aérea, dois caças, depois fomos para o trio e vai ficar eternizado. Nunca vi uma coisa daquela na minha vida. Foi o mais marcante.

Gabigol e Rafinha na entrevista de despedida do lateral — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Gabigol e Rafinha na entrevista de despedida do lateral — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Por Redação do Ge — Rio de Janeiro

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