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Seleção brasileira feminina de vôlei garante vaga na Olimpíada de Tóquio em 2020

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Opinião: Superliga em meio à pandemia deixa disputa por vaga nas Olimpíadas mais aberta

Jogadores que brigam por vagas ainda sem dono terão chance de provar que estão melhor do que seus adversários. Quem estava com um pé em Tóquio precisará mostrar trabalho

A Superliga 2020/2021 vai começar neste fim de semana em um cenário para lá de diferente por causa da pandemia do coronavírus. Não terá público pelo menos no início da competição, haverá um pouco menos de tempo de descanso entre os jogos, e os times precisarão fazer um belo trabalho de recuperação física para compensar os cerca de sete meses parados. Os jogadores terão que se adaptar e quem conseguir fazer isso mais rápido e melhor vai sair na frente em uma briga para além da disputa do título da competição: uma vaga na seleção nas Olimpíadas de Tóquio, no ano que vem.

Toda competição que antecede a Olimpíada sempre tem um peso grande. Mas um cenário de pandemia levanta ainda mais chances de mudanças. Jogadores que estavam quase em Tóquio precisam mostrar que seguem bem. E quem conseguir se destacar vai sair na frente na disputa pelas vagas em aberto. Arrisco até a dizer que atletas com poucas ou nenhuma chance até hoje nas seleções podem ganhar uma oportunidade na Liga Mundial caso se destaquem na Superliga.

Ciclo olímpico do feminino, com um sétimo lugar no Mundial, foi instável — Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV

Ciclo olímpico do feminino, com um sétimo lugar no Mundial, foi instável — Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV

As seleções masculina e feminina vivem momentos diferentes. Enquanto no masculino, antes da pandemia, poucas vagas pareciam em aberto, no feminino são muitas as questões e, por isso, uma disputa ainda maior dentro da própria Superliga. Apesar de que no masculino teremos uma briga olímpica dentro do próprio time. Mas vamos analisar as seleções separadamente.

Seleção feminina com muitas disputas

Em um ciclo complicadíssimo, cheio de lesões e pedidos de dispensas, a seleção feminina acabou não formando uma base de pelo menos 10 jogadoras que seriam certas em Tóquio, restando uma ou outra dúvida a ser desvendada no dia da convocação, como seria o normal. Arriscaria dizer que começamos a Superliga com apenas quatro nomes certos e outro praticamente lá: Natália, Gabi, Thaisa e Tandara só não estarão na Olimpíada se seus rendimentos forem incrivelmente baixos nesta temporada. Camila Brait, embora tenha retornado apenas no último ano, dificilmente também não irá carimbar o passaporte.

Seleção brasileira feminina de vôlei garante vaga na Olimpíada de Tóquio em 2020

Seleção brasileira feminina de vôlei garante vaga na Olimpíada de Tóquio em 2020

Olhando posição por posição, temos algumas disputas interessantes em solo nacional. Entre as levantadoras, Macris, do Minas, é a melhor do país nos últimos anos e assumiu a titularidade da seleção na reta final do ciclo olímpico. Só não é possível colocar na lista dos certos em Tóquio porque há outros nomes fortes na disputa. E nomes que têm grande apreço de Zé Roberto. Roberta fez todo o ciclo. Na última temporada, teve uma queda de rendimento, mas as boas atuações no Paulista foram um sinal de que isso pode ser passado. Pesa a seu favor o fato de sacar e defender muito bem. Para uma jogadora que deve entrar muitas vezes na inversão 5-1, isso é um grande trunfo. Além da levantadora do Osasco, estão na briga as experientes Dani Lins, do Sesi-Bauru, e Fabíola, do Sesc-Flamengo. São jogadoras de segurança e que, mostrando serviço na Superliga, podem se garantir na lista final.

No meio, Thaisa, do Minas, segue como uma das melhores do mundo e é indiscutível em Tóquio. Então, há duas vagas em disputa. Bia, do Osasco, participou de todo o ciclo olímpico e tem a confiança do técnico. O Sesi-Bauru tem uma dupla de selecionáveis. Adenízia, que já vinha bem na Itália, começou o Paulista com o pé direito e tem a experiência olímpica no currículo. Mara foi titular na seletiva olímpica e foi bem vestindo a amarelinha. As experientes Juciely, do Sesc-Flamengo, e Carol Gattaz, do Minas, estão em boa forma nos últimos anos. Gattaz tem figurado sempre no topo da lista de atacantes mais eficientes. Carol, do Praia, também esteve com a seleção e tem ótimos números pelo clube. E não dá para descartar a jovem Mayany, do Osasco, com passagens pela equipe nacional e que vem em uma crescente. Com tantas jogadoras brigando por duas vagas, é essencial se destacar na Superliga ou Tóquio ficará bem mais longe.

Essa conclusão serve também para a ponta. Gabi e Natália, assim como Thaisa, estão entre as melhores do mundo na posição e já podem preparar o passaporte. A favorita para a terceira vaga é Fernanda Garay, do Praia. Ela só não estará em Tóquio se decidir parar para engravidar ou se tiver uma queda de rendimento muito acentuada. Com uma ou duas vagas, a disputa fica acirrada. Amanda, do Sesc-Fla, esteve em todo o ciclo olímpico e é uma jogadora muito regular, principalmente no passe e na defesa. Sua parceira de clube, Drussyla, é outra que sonha com essa vaga. Tainara, do Osasco, corre um pouco por fora, mas está em ascensão e uma boa Superliga pode a colocar no páreo. Jaqueline, que tinha se aposentado da seleção, vem jogando muito, principalmente no fundo de quadra. Não é favorita à vaga, mas em um cenário de dúvida, pode levar vantagem por sua bagagem internacional. Talvez essa seja a posição em que há maior chance de uma jogadora que se destaque muito no torneio nacional atropelar por fora e ser a surpresa da lista. Há ainda uma outra possibilidade que é Zé decidir levar apenas três ponteiras para abrir vaga entre as opostas.

Isso porque a disputa na saída de rede é uma incógnita. Tandara, do Osasco, nem precisa fazer uma Superliga espetacular para carimbar o passaporte. Mas as dúvidas quanto ao segundo nome são grandes. Sheilla, que vai disputar a liga americana, voltou a jogar para buscar mais uma medalha em Tóquio. Porém, precisa ganhar ritmo e o tempo parado joga contra uma atleta de 37 anos, mesmo tratando-se de Sheilla. Lorenne teve uma temporada espetacular pela seleção e entrou firme na briga pela vaga. Jogando no Sesc-Flamengo, com Bernardinho, tem tudo para crescer ainda mais. Quem também está jogando bem é Rosamaria, que segue na Itália. Ela atua como oposta em seu clube, mas foi sempre convocada como ponteira na seleção. Tandara também já jogou na ponta e, por ter jogadoras versáteis na saída, não é improvável que Zé leve três opostas.

Na disputa de líberos, Camila Brait, do Osasco, é favoritíssima. Leia, do Minas, esteve com a seleção até o ano passado, mas pediu dispensa depois. Se decidir voltar à seleção, será forte concorrente. Suelen, do Praia, foi convocada algumas vezes, mas perdeu muito espaço. Só uma Superliga muito acima da média e uma abaixo da média de Brait poderia inverter isso. Natinha, do Sesc-Flamengo, vinha em alta e parecia que seria a sombra para a jogadora do Osasco, mas a lesão no joelho a tirou da temporada e da briga por Tóquio.

Masculino tem menos vagas em aberto, mas disputa é grande

A seleção masculina teve um ciclo bem menos conturbado do que a feminina e, por isso, tem mais nomes que parecem certos em Tóquio. Bruninho, Lucão, Maurício Souza, Lucarelli, Leal e Wallace são o sexteto com o passaporte no bolso já pra viajar. Mas outros nomes também estão muito próximos, porém precisam mostrar que seguem em alta, já que têm sombras fortes.

Seleção Masculina de Vôlei garante vaga nas Olimpíadas de Tóquio

Seleção Masculina de Vôlei garante vaga nas Olimpíadas de Tóquio

Entre os levantadores, o capitão Bruninho, do Taubaté, é nome certo. Cachopa, do Cruzeiro, foi muito bem na seleção e ganhou a confiança do técnico Renan Dal Zotto. Mas o levantador celeste tem a sombra de ninguém menos do que o mago William Arjona, do Minas. O experiente levantador ficou longe da seleção nos últimos anos, mas não anunciou oficialmente sua despedida. Caso se coloque à disposição, fará disputa ferrenha com Cachopa.

Na saída, Alan Souza, do Cruzeiro, foi outro que brilhou pela seleção e estava com um pé e meio em Tóquio antes da pandemia. Mas agora terá que ratificar seu bom momento. Principalmente, porque seu principal concorrente joga ao lado do levantador titular da seleção no Taubaté. Felipe Roque teve uma atuação de gala na final do Troféu Super Vôlei e mostrou que vai entrar firme na briga por Tóquio.

No meio, Lucão e Maurício Souza, do Taubaté, só precisam seguir em bom nível para estarem na lista. A briga está na terceira vaga. Isac e Otávio, do Cruzeiro e Flávio, que está na Polônia, são os principais candidatos. Matheus Bispo, do Minas, corre por fora, mas as atuações na Superliga podem inverter essa lógica.

Seleção masculina  venceu a Copa do Mundo do Japão, última grande competição pré-pandemia — Foto: Divulgação/FIVB

Seleção masculina venceu a Copa do Mundo do Japão, última grande competição pré-pandemia — Foto: Divulgação/FIVB

Na ponta, talvez esteja a maior disputa. Lucarelli e Leal são titulares e nomes certos. Maurício Borges e Douglas Souza, do Taubaté, são os favoritos para as outras duas vagas, mas vão precisar mais do que ninguém mostrar serviço na Superliga. Afinal, a concorrência para eles já começa dentro do próprio clube. João Rafael não vinha tendo muitas chances na seleção, mas mantém bom nível há algumas temporadas. No Super Vôlei, foi escolhido o craque da semifinal e da final. Maurício Borges tem a experiência a seu favor. Douglas foi um monstro no Mundial de 2018, quando o Brasil ainda não tinha Leal e Lucarelli estava lesionado. Por isso, merecidamente, ambos conquistaram seu espaço na seleção. Mas se João começar a ganhar a disputa interna, será um sinal para ter chance também na seleção. Vacari, do Campinas, vem crescendo muito e pode pintar como surpresa, assim como Honorato, do Minas. Lucas Loh, que está na Polônia, também está nessa disputa.

Entre os líberos, Thalles, do Taubaté, é favorito para ficar com a vaga, embora Maique, do Minas, tenha sido figurinha carimbada na seleção. O rendimento na Superliga dirá qual dos dois vai sair com vantagem. Lukinha, do Cruzeiro, corre por fora.

Por Thiago Fernandes — Rio de Janeiro / Globoesporte.globo.com

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