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O central multicampeão de vôlei saiu de cena para dar lugar a um herói de jaleco e máscara

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Atleta do vôlei relata experiência na linha de frente contra a Covid-19: “Comecei a acreditar na força mental”

Central João Mazullo deixa as quadras de lado durante a pandemia para vestir jaleco e máscara de proteção em trabalho como fisioterapeuta de infectados no Piauí. Profissional narra transformação como profissional: “Mudei bastante”

O central multicampeão de vôlei saiu de cena para dar lugar a um herói de jaleco e máscara sobre o rosto. Oito vezes campeão piauiense de vôlei de quadra, João Mazullo tomou uma dura decisão assim que emergiu a pandemia do coronavírus no Brasil: abriu mão da carreira como jogador do CLN, atual clube que defende no Piauí, para atuar como fisioterapeuta no tratamento de infectados pela Covid-19 em Teresina. Os relatos dados por ele após dois meses de convívio com pacientes nos leitos do Hospital Universitário (HU) entregam a metamorfose provocada pela pandemia em quem assumiu um posto na linha de frente do combate à doença.

João Mazullo — Foto: Reprodução/Instagram

João Mazullo — Foto: Reprodução/Instagram

– Minha vida de atleta deu uma parada porque me voltei totalmente para a combater a pandemia e ajudar as pessoas. Até o começo de maio eu estava treinando ou mantendo a forma física, mas agora tenho três escalas de atendimento. O maior desafio é que é tudo novo. Novidade na doença. É uma doença que a gente não conhece muito bem. Quanto mais estuda, mais a gente acha que tem que estudar. Mudei bastante no decorrer dos dias. Acho que comecei a acreditar mais na minha força mental – declarou o jogador.

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Após erguer a taça de campeão piauiense de vôlei no fim do ano passado – veja acima –, o meio de rede João Mazullo seguiu a protocolar rotina de treinos na temporada seguinte. A vida paralela como professor de fisioterapia, no entanto, tomou outra dimensão com a chegada do coronavírus. Foi então que ele se viu obrigado a contribuir também na luta dentro dos hospitais.

João Mazullo — Foto: Reprodução/Instagram

João Mazullo — Foto: Reprodução/Instagram

Os plantões no HU se juntaram às horas de tratamentos de outros pacientes no Hospital da Polícia Militar (HPM) e, também, no Hospital de Campanha Pedro Balzi, todos eles em Teresina. Segundo João, são 84 horas de plantões toda semana.

– O que me impressionou foi a capacidade que o vírus tem de se alastrar. Respostas que gente às vezes não entende. Tem paciente sendo infectado, que não é do grupo de risco, jovem e vai parar na UTI e fica mecanicamente ventilado. Precisam de mais estudos para entendermos que situação é essa e o que isso está relacionado aos pacientes.

João Mazullo — Foto: Reprodução/Instagram

João Mazullo — Foto: Reprodução/Instagram

De acordo com o boletim da Secretaria de Saúde do Piauí divulgado nessa segunda-feira, 10.881 pessoas foram infectadas pelo coronavírus no estado, e 393 pacientes perderam a vida por conta da Covid-19. No meio de todo o pesadelo, João passou a enxergar mudanças em si.

– Estamos enfrentando isso de frente. O mundo tem nos demonstrado essa mudança. Vamos acreditar em um mundo melhor e mais igual. É preciso olhar para todos, cuidar das pessoas, saber que tem muita gente frágil que precisamos olhar. Dinheiro não vale muita coisa porque, se não tiver leito de Unidade de Terapia Intensiva, vai morrer rico, pobre, branco, preto, gay, hetero… Não adianta muito olhar para esse aspecto e tem um aprendizado nisso.

Por Renan Morais — Teresina / Globoesporte.globo/pi

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